147329980257d0c55a8972f_1473299802_4x3_mdEm São Paulo – Até o dia 27 de novembro, sextas e sábados às 21h e domingo às 19h, fica em cartaz no Tucarena, Teatro da PUC-SP o espetáculo “Esperando Godot”, de Samuel Becket, versão dirigida por Elias Andreato.

O dramaturgo e escritor irlandês Samuel Becket (Dublin, 13 de abril de 1906 – Paris, 22 de dezembro de 1989), vencedor do prêmio Nobel de Literatura, voltou-se para questões filosóficas sobre a condição humana, onde o tempo não existe senão como uma eternidade imóvel e morta e que tem como meio de expressão a decrepitude física dos corpos, a preocupação de Beckett não reside em mostrar o absurdo da existência a partir da vida social, mas sim através do choque do homem consigo mesmo, percebendo em seu íntimo a perplexidade desse encontro.

Em “Esperando Godot”, ecrita no pós-guerra (1943-1953) ele explora uma situação estática, o lugar é deserto, somente uma árvore ao centro. Dois velhos vagabundos, Vladimir e Estragon estão esperando Godot. Nada acontece e a atmosfera de vacuidade e monotonia não é alterada senão pela passagem de Pozzo e Lucky (respectivamente senhor e escravo) que, ao saírem fazem retornar o vazio. Para preencher o tempo, para enganar o tédio dos dias vazios e iguais, Vladimir e Estragon falam um com o outro mesmo sem ter o que dizer, travam brigas inúteis e refazem as mesmas perguntas, para assim preencherem o vazio da existência e para se darem ao menos, a impressão de existirem.

Elias Andreato nunca pensou em montar Godot, já chegou a usar trechos em alguns espetáculos, mas levantar a peça na íntegra não tinha sido um projeto seu ainda. “Acho que por ignorância, eu achava que não tinha a ver comigo, a peça toda eu achava que não tinha cacife para fazer, mas no camarim de “Réquiém Para Antônio”, peça de Dib carneiro Neto, dirigida pelo Gabriel Villela, também em cartaz no Tucarena em 2014, eu perguntei para o Claudio Fontana, meu parceiro em cena, se ele tinha o desejo de montar algum texto e ele disse que queria montar Godot, então eu disse que daria essa montagem de presente para ele, pelo seu talento, generosidade, pelo seu amor ao teatro e pela forma como ele valoriza os talentos dos outros.”, conta o ator e diretor.

Um ano depois dessa conversa de camarim, quando Elias estava debruçado nessa obra de Becket com olhar de diretor, estudando para encená-lo, Claudio Fontana o chamou para fazer esta montagem produzida e idealizada pela atriz e produtora Daise Amaral. “Produzir um texto como ” Esperando Godot”, na velocidade do mundo hoje, onde a ESPERA é a protagonista é um grande desafio.”, comenta Daise.

Claudio e Elias já tem uma rica trajetória artística juntos, “Minha parceria com Elias Andreato nasceu da profunda admiração de um ator pelo trabalho de outro e cresceu pelo meu respeito ao respeito dele pelo teatro. Elias sabe o que é o ofício de ser ator. E como diretor empresta a sensibilidade do ator e intuitivamente cria cenas belas e poéticas. Minha parceria com ele nasceu da direção de “Adivinhe Quem Vem Para Rezar”, espetáculo com Paulo Autran, passou por “Andaime”, onde ele dirigiu e atuou, “Mãe é Karma”, texto de Elias que produzi, “Amigas Pero No Mucho”, “Édipo Rei” e finalmente “Um Réquiem Para Antonio”. Foi nos camarins “Réquiem” que “encontramos Godot”, comenta Fontana.

A encenação

Elias está trabalhando em cima do tempo, o aceleramento das horas da existência contemporânea. “Quando foi escrito no pós guerra, a relação com o tempo era outra, hoje o tempo mudou, a espera é mais angustiante, vivemos em um tempo violento, as guerras são outras, tudo mais diluído, cada um batalhando no seu mundinho, não existe uma sensação coletiva, cada um tem o seu tempo individual de espera , porque você não sabe se o Godot já veio ou não, talvez ele tenha vindo e nem tenham percebido”, diz Elias Andreato.

A cenografia assinada por Fábio Namatame representa uma grande engrenagem de relógio e o figurino do Gabriel Villela também busca retratar o que está por dentro dos personagens, como uma maquinaria interna exposta. Claudio Fontana canta ao vivo poemas de Samuel Becket musicados por Jonathan Harold. A direção de movimentos é da atriz Melissa Vettore.

Os ingressos custam R$ 50,00 (sexta), R$ 60,00 (sábados e domingos).(Desconto de 50% para Estudantes, Maiores de 60 anos, Aposentados). Mais informações pelo SITE do TUCA. (Carta Campinas com informações de divulgação)

Equipe técnica:

Texto: Samuel Beckett.
Direção: Elias Andreato.
Cenografia e figurino: Lola Tolentino
Elenco:Elias Andreato, Claudio Fontana, Clovys Torres, Raphael Gama e Guilherme Bueno.
Figurino:Gabriel Villela.
Cenografia:Fábio Namatame.
Trilha Sonora: Jonatan Harold.
Coreografia:Melissa Vettore.
Iluminação:Wagner Freire.
Diretor Assistente:André Acioli.
Assistente de Direção:Daíse Amaral.
Fonoaudióloga:Edi Montecchi.
Produção:DNA Produções Artísticas.
Direção de Produção: Daíse Amaral.
Produtor Executivo:Jefferson Pedace.
Assistente de Produção:Paula Tonolli.
Identidade Visual:Elifas Andreato
Diagramação: Dib Carneiro Neto
Fotos: João Caldas

Sinopse: em cena dois personagens, Estragon e Vladimir, aparentemente esperam um sujeito de nome Godot. Nada é esclarecido a respeito de quem é Godot ou o que eles desejam. Os dois iniciam longos diálogos só interrompidos com a entrada de Pozzo e Lucky e com a entrada do menino que avisa que Godot virá no dia seguinte.