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Uma explosão de cores e vida: a arte experimental de Paulo Branco

Em sua última edição, o projeto Cartas Visuais apresenta um pouco do trabalho do artista Paulo Branco. Nascido em Campinas, há mais de 30 anos Paulo Branco é professor de técnicas de Desenho e Pintura. Entre seus alunos estão diversos artistas da região de Campinas.

Multiplicidade e experimentação talvez sejam dois movimentos importantes que logo se percebe ao olhar alguns dos trabalhos do artista. Conhecido como caricaturista e pela sua proximidade com o humor, que se reflete tanto nos seus trabalhos quanto na sua personalidade, Paulo Branco a extrapola e a reinventa a todo momento, construindo também telas, desenhos e ilustrações, inclusive algumas voltadas para o público infantil, onde ele utiliza os mais diversos e improváveis materiais, combinando diferentes técnicas (aquarela, lápis de cor, acrílico sobre tela, pastel seco e oleoso, grafite, nanquim) e deixando fluir um traço livre que transmite uma força e potência artística muito próprias da sua arte.

As mulheres, os corpos femininos, são um tema que se destaca. Desde rostos, com bocas e olhos bem marcados e expressivos, até diversos corpos nus, sempre em movimento. Temos em um de seus trabalhos a própria Marilyn, muito solar e viva no seu charme indefinido, em outro, uma espécie de releitura do quadro O Nascimento de Vênus, de Botticelli, onde a concha da qual sai a figura feminina na tela do pintor renascentista, agora é uma concha que literalmente sai da tela e nos remete imediatamente àquela outra figura feminina de uma obra do passado que se insinua nessa obra contemporânea.

Em outro trabalho, temos ainda um pedaço de pano que o artista cola na obra ao lado de outra figura feminina, como se o pano, tão importante na figuração das mulheres – as ninfas – ao longo da história da arte, fosse aqui, no mesmo procedimento que verificamos no trabalho anterior, deslocado do seu lugar tradicional, sendo o mesmo e sempre novo pano, com sua dobra, a conferir mistério e movimento a essa mulheres que nunca deixaram de nos olhar.

Uma irreverência própria atravessa seu trabalho, humor, com sensualidade, com ousadia, com variações e liberdades que são próprias da arte contemporânea, uma arte que não pode ser vista fora da sua própria época, mas que, igualmente, não deixa de ressoar outras, fazendo explodir a linha tradicional do tempo em uma literal explosão de cores e vida.

Paulo Branco encerra o projeto Cartas Visuais, que foi contemplado no Edital ProAC nº 41/2015 “Concurso de Apoio a projetos de publicação de conteúdo cultural no Estado de São Paulo”, com a proposta de valorizar e promover a difusão do trabalho artístico contemporâneo em Campinas e região. Como parte do projeto, foram produzidos e divulgados no site Carta Campinas textos, fotografias e vídeos mostrando um pouco do trabalho de diversos artistas previamente selecionados para o projeto.(Maura Voltarelli)

 

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