No show, o cantor apresenta o repertório de seu último disco, “Tomada”. Filipe estreou profissionalmente em 2009, com o EP “Saga” e apresenta um trabalho que vai do tango ao blues, passando pelo samba-canção, é destacado pelo timbre de voz refinado, que se une à sua atitude rock’n’roll para revelar uma estética autêntica.
Porto Alegre é um manancial. Por ali nascem, crescem e se reproduzem talentos que muitas vezes ficam por lá, satisfeitos. Não foi assim com Filipe Catto. Quando se viu pronto, lançou pela internet um EP para download gratuito e fez barulho na imprensa de todo Brasil. Esperteza de um jovem veterano.
Ainda menino, cantava em bailes e festas com o pai e numa de suas primeiras experiências enfrentou uma plateia de três mil pessoas. Nenhuma timidez. Foi criado para isso, jamais pensou em fazer outra coisa da vida que não cantar e compor. Daí a sua naturalidade impressionante. Filipe domina o microfone, a dinâmica da banda e tem carisma de sobra para calar a audiência mais barulhenta, no palco se sente em casa.
Sua voz de timbre raro e seu canto afinadíssimo estão à serviço de um discurso coerente. Dramático sem ser nostálgico, atitude rock’n’roll com a sofisticação estética de um Oscar Wilde contemporâneo. Suas leituras de Hilda Hilst ou Caio Fernando Abreu se misturam às crônicas de um cotidiano romântico e compõem um repertório cheio de charme e crueza. Filipe gosta de falar de amor. Do amor entregue, da paixão desregrada, passional. Pra isso se serve do tango, do samba-canção e do blues. Brinca com gêneros e ritmos levando muito a sério a missão do intérprete. É um cantor que se dá para a canção como fazem suas musas e referências para o ofício: Cássia Eller, Elis Regina, Janis Joplin, Bethânia, P.J.Harvey, Maysa. Sem fronteiras para épocas e estilos. Qualquer coisa entre Dolores Duran e Amy Winehouse.
Filipe é um contratenor, uma definição que se aplica muito mais à música erudita do que à popular, mas tecnicamente falando é um cantor de voz especialmente extensa que atinge graves de barítono ou baixo se quiser, mas que lembra uma voz feminina de registro mais grave. Segundo Suely Mesquita, cantora, compositora e preparadora vocal, o cantor com esse tipo de voz incomum tem a capacidade de comover com a delicadeza e as nuances de timbre que se prestam muito bem a efeitos dramáticos. Mas é claro que não basta ter esse registro de voz para gerar impacto na plateia, é necessário ter estilo e expressão própria, o que não é problema para Filipe Catto.
E esse jovem letrista, que admira Chico Buarque, é um compositor que não tem medo da palavra, diz que gosta de falar de sentimentos inconfessáveis. Essa coragem, ou despudor juvenil, lhe confere uma personalidade encantadora e fascinante. É ele mesmo um personagem, um poeta de séculos passados usando jeans e tênis All Star. Bonito e sedutor como um jovem Rimbaud. Com a liberdade dos artistas de seu tempo – que hoje tem o privilégio de fazer música por amor à arte e não para atender as demandas do mercado, Filipe canta a sua verdade, e é esse o mundo que queremos conhecer. Uma Saga que, na verdade, está só começando. (Carta Campinas com informações de divulgação)
Local: Galpão Multiuso.
Classificação etária: 12 anos
Valores: R$ 5,00 [trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo credenciado no Sesc e dependentes (Credencial Plena)], R$ 8,50 [aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e servidor de escola pública com comprovante] e R$ 17,00 [demais interessados]. Ingressos à venda na internet a partir de 9/8 pelo portal sescsp.org.br e nas bilheterias das Unidades no dia 10/08.