Paulo Cheida é doutor em Artes pela Unicamp, professor do curso de Artes Visuais da PUC-Campinas e fundador do Museu Olho Latino, localizado em Atibaia (SP). Aos seis anos o artista, que desenhava com bico de pena e nanquim, já tinha seus desenhos publicados em jornais de Campinas, deixando perceber desde então um grafismo próprio.
Influenciado pela mãe e também pelo avô, Paulo Cheida construiu ao longo dos anos uma carreira com muitas exposições, nacionais e internacionais, curadorias, eventos e também trabalhos de pesquisa em educação e arte, dividindo-se em três vertentes: artista plástico, curador e teórico. Como artista plástico, recebeu cerca de 50 prêmios e condecorações e possui mais de 500 exposições no currículo, sendo 80 delas, aproximadamente, no exterior.
O Museu Olho Latino, do qual é fundador ao lado de sua esposa, a também artista Celina Carvalho, possui mais de 1000 obras em seu acervo e tem, como um dos objetivos principais, divulgar e expandir a arte da gravura.
Na mesma tela, no canto superior, nota-se um pássaro que no bico leva uma gravata. Não é difícil logo perceber a mesma e sempre nova gravata espalhando-se por outros trabalhos, em cores, formas diferentes, em lugares os mais inesperados. A gravata, espécie de metonímia que nos traz quase diretamente a imagem dos políticos, os homens “engravatados” como dizemos, ou mesma a vestimenta que, de certa forma, representa tudo aquilo que nos condiciona, nos aperta, nos incomoda, nos deixa “apresentáveis”.
Dentro do mesmo plano simbólico da gravata, outros objetos que nos prendem e que, de alguma forma, impedem nosso contato com o Outro, como as amarras, as cordas, aparecem em alguns trabalhos do artista. E esses mesmos, ainda uma vez, se tornam outras figurações daquilo que nos controla. Talvez por isso, muitos quadros tragam olhos e olhares suspensos, sugerindo de forma inquietante o que nos olha naquilo que vemos.
Paulo Cheida é mais um artista do projeto Cartas Visuais, que foi contemplado no Edital ProAC nº 41/2015 “Concurso de Apoio a projetos de publicação de conteúdo cultural no Estado de São Paulo”, com a proposta de valorizar e promover a difusão do trabalho artístico contemporâneo em Campinas e região. Como parte do projeto, serão produzidos e divulgados no site Carta Campinas textos, fotografias e vídeos mostrando um pouco do trabalho de diversos artistas previamente selecionados para o projeto. (Maura Voltarelli)
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