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Por Luís Fernando Praga

1) E se?

Se fosse só sentir… seria tanto!

 

2) Passeio ao interior

Sou tão mais forte quanto mais ciente da grandeza de minhas fraquezas.

 

3) Implacável

Se a vida não me transforma, me faltam sofrimento e/ou empatia.

 

4) Sonho

O sonho só espera que todos acordemos para acontecer inteiro…

 

5) Vai passar

Perdi um par de meus dias esperando dias ímpares, mas eles sempre foram hoje…

 

6) Tolerância:

Nem tão preconceituoso que não aceite, nem tão cruel que não perdoe, nem tão perfeito que não compreenda.

 

7) Vício

O vício é a opção por outra forma de sofrer.

 

8) Palavoar

Palavras de dicionário são crianças de condomínio, só conhecem as vizinhas de página, só se relacionam por convenções e não pela afinidade que a natureza desejou, limitadas de se significarem como quiserem por muros altos e grilhões aos pés das letras.

 

9) Condicionais

Se a poesia não for, eu não vou! Se não for a poesia, eu não sou…

 

10) Ladrão

Se é bem mais que tu tudo o que sentes,

Se te acumulas numa estranha parte,

Liberta-te inteiro e de repente…

Transborda em arte…

 

11) Adorei!

Chegou sem avisar, entrou sem me pedir, bagunçou o meu lar, chorei, morreu de rir, meu disco preferido, sem dó, quebrou ao meio, mais uma vez chorei… Que bom que veio!

 

12) Destino

Destinos não vão sozinhos, são caminhos, não o fim, meu destino é ser caminho de quem se acerca de mim.

 

13) Singela

Hoje a beleza me ronda,

Sinto o cheiro de um versinho.

Pode ser que ela se esconda

Na poesia do caminho…

 

14) Riso absoluto

Por uma coisa tão boba sorri um riso infinito e mesmo que ele se acabe… já foi infinito antes!

 

15) Melancolia

Pela desilusão acumulada,

Pela esperança que cantou em vão,

Pelo meu sonho que perdi na estrada,

Quero muito sorrir, mas hoje não…

 

16) Assim sendo…

Se a vida é tudo e passa num segundo,

Se a posse é uma ilusão que rouba o mundo,

Só o que posso é ser… serei profundo!

 

17) Achados e perdidos

Que eu perca a hora, mas não perca a graça,

Que eu perca coisas, mas não a vida que passa…

 

18) Tempero da vida

Houve, um dia, uma alegria,

Que conseguiu a proeza

De transformar-se em poesia

Sem abolir a tristeza.

 

19) Rastros

A vida não termina, eu talvez sim,

Mas no trecho de vida que eu abraço

Posso arriscar o risco do meu traço

E escolher o que deixar de mim.

Eu quero é deixar coisas de criança,

Que se diverte, aprende, ensina e erra,

Quero que sobre amor aos filhos dessa terra

E se eu falhar, que herdem a esperança!

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20) Reencontro:

Encontram-se morte e vida,

Numa conjunção astral,

A vida, toda atrevida,

A morte, toda normal.

 

A vida conta vantagens,

A morte ouve calada,

A vida mostra paisagens,

A morte não mostra nada.

 

A vida conta do amor

E abre um botão de rosa,

Camufla seu dissabor

Pra ser toda gloriosa.

 

A vida, cheia de festa,

Se canta em poesia e prosa,

Tenta, em vão, ver uma fresta

Da morte misteriosa.

 

Mas a morte se protege,

Sem fazer nenhum alarde.

A vida incita: “me inveje!”

E a morte sorri: “me aguarde…”