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Casemiro Reis

O presidente do PT-Campinas, Casimiro Reis, disse que o maior pecado do PT no governo federal foi não ter feito a democratização da mídia.

“Acreditamos que a lua de mel com a população seria para sempre e esquecemos da luta de classes”, afirmou.

Em entrevista exclusiva ao site Carta Campinas, Reis também comenta a política local e avalia que o governo Jonas Donizette (PSB), prefeito de Campinas, perdeu uma grande oportunidade nos dois primeiros anos, administrou mal e deixou a cidade sem recursos financeiros. No plano nacional, além da democratização da mídia, o presidente do PT-Campinas acredita que é necessário uma Constituinte para redefinir também o papel do Poder Judiciário. Veja abaixo a entrevista.

Carta Campinas: Qual a avaliação ou os maiores problemas da administração Jonas Donizette (PSB), atual prefeito de Campinas?

Casemiro Reis: O prefeito Jonas Donizette (PSB) teve uma grande chance que foi administrar o orçamento de forma eficiente nos dois primeiros anos de governo. Mas faltou planejamento e agora falta dinheiro. A cidade não tem projeto de transporte e nem controle nos gastos com transporte. Houve um aumento do subsídio para o transporte público sem qualquer controle adequado. A cidade se transformou num cabide de emprego para manter uma câmara subserviente. A Prefeitura está quebrada, as creches estão sem vigia, há desabastecimento de medicamentos que nunca faltaram na cidade, além de ser o prefeito que deixou como marca a maior epidemia de dengue na cidade por dois anos consecutivos. Na realidade, não há gestão com planejamento; temos um zelador que faz pracinhas, mas que já estão abandonadas.

Depois do que aconteceu ou está acontecendo com  Dilma Rousseff, o PT pretende repensar a estratégia de alianças e para as eleições na Câmara de Vereadores de Campinas?

Casemiro Reis: Esperamos que com o fim do financiamento privado, nós tenhamos um perfil diferente dos vereadores que estão hoje na Câmara de Campinas. Isso se houver uma fiscalização e punição do abuso do poder econômico. Hoje nós temos uma Câmara de Vereadores em Campinas que é servilista e subserviente ao executivo e que não cumpre suas obrigações.

E na Câmara Federal?

Casemiro Reis: Na Câmara Federal temos uma representação totalmente desproporcional. Praticamente 350 deputados são da bancada BBB (Bala, Boi e Bíblia). E eles não representam a maioria da população brasileira. É uma representação distorcida pelo poder econômico. Além disso, o fundamentalismo religioso pouco contribui para o desenvolvimento da sociedade, é ruim para a sociedade. Acredito que o PT deva mudar suas alianças e estar mais presente em um novo campo político eleitoral, do qual se distanciou nas últimas eleições.

Como você viu a atuação da grande mídia no golpe contra Dilma Rousseff. Um golpe até hoje negado pela grande mídia, mas que até gravações comprovando o golpe foram divulgadas?

Casemiro Reis: A grande mídia não influenciou o golpe, ela foi um ator fundamental no golpe contra Dilma Rousseff. O grande pecado do PT foi não ter feito o plano do ex-ministro Franklin Martins de democratização da mídia, ainda durante o governo Lula. Acreditamos que a lua de mel com a população seria para sempre e nos esquecemos da luta de classes, que emergiu nos últimos anos. O Brasil não fez o enfrentamento do monopólio da mídia que os outros países da América Latina fizeram. Então, a não democratização da mídia foi decisiva para o golpe. A mídia, que sempre foi hostil, virou uma metralhadora contra nós do PT.

E o Poder Judiciário?

Casemiro Reis: É outro problema. Também não democratizamos o Poder Judiciário. Nesse sentido, é necessário uma Constituinte, para redefinir os poderes. O Judiciário é composto basicamente por pessoas originárias da classe A e tomam conta dos principais cargos desse poder. Não podemos ter um judiciário submisso a um grupo político e econômico. Atualmente, o Poder Judiciário é o mais autoritário e o mais corrupto dos poderes, como se vê em todos os escândalos e mordomias.