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Greve gera conflito entre professores e alunos no Instituto de Economia da Unicamp

A greve de alunos e professores no Instituto de Economia da Unicamp gerou conflito entre alunos grevistas e professores da unidade.

Durante a mobilização, iniciada no mês de abril, a reitoria foi ocupada e diversas atividades e assembleias vêm sendo realizadas no Campus.

Alunos e professores da Unicamp estão em greve reivindicando, entre outras pautas, combate ao Golpe de Estado em nível federal, implementação de cotas raciais na universidade, contra o corte de R$ 40 milhões no orçamento da Unicamp pelo governo de Geraldo Alckmin (PSDB) , fim dos altos salários e reajuste salarial, no caso dos docentes.

Numa dessas atividades, realizada no Instituto de Economia, no dia 2 de junho, os alunos denunciaram uma intervenção do professor José Maria da Silveira do Instituto de Economia que, para os alunos que faziam o ato, “pode ser configurada como assédio, ameaça ao direito de manifestação e racismo”.

De acordo com o relato dos alunos, o professor, conhecido como José Maria, interrompeu um debate entre os estudantes e outra professora sobre a greve e os teria agredido verbalmente com as seguintes frases: “Vocês têm merda na cabeça para querer cota na pós-graduação. Vão estudar, imbecis! Vão se ferrar!”.

Em seguida, houve um rápido e igualmente agressivo diálogo com a professora: “A senhora já foi obrigada a orientar um negro, pode tolerar outro!”, disse o professor, supostamente referindo-se a si mesmo. Insatisfeito com as agressões, o professor José Maria postou em sua rede social a seguinte frase: “quem selecionou esses primatas para fazer pós-graduação em uma universidade de elite?”
(https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=10208409763095439&id=1046745949).

Diante da postura do professor, os alunos aprovaram na Assembleia Geral uma nota de repúdio a tal atitude, na qual afirmam que não irão tolerar assédios e qualquer forma. A referida nota também foi aprovada por unanimidade no Congresso Nacional dos Pós-graduandos, com a presença de estudantes de todo o país, ocorrido nos dias 11 e 12 de Junho em Belo Horizonte – MG.

Outro conflito entre alunos e professor ocorreu no dia 6 de junho, após a maior Assembleia Geral já realizada no IE e que decidiu por ampla maioria pela continuidade da greve.
Alguns alunos interromperam a aula do professor Alexandre Gori Maia com poucos alunos, que ocorria no pavilhão da graduação do Instituto. Para os grevistas, a aula contrariava a decisão da assembleia.

Como forma de protesto, os manifestantes adentram a sala de aula afirmando que ela deveria ser aberta, uma vez que ocorria no momento de greve. Diante da manifestação, o professor, segundo relato dos estudantes presentes, não aceitou a presença dos alunos em greve e se retirou e foi continuar a aula para três alunos em sua sala particular no Instituto.

Como forma de pressão, foi realizado um piquete, com barulho e música para forçar o encerramento da aula. Para o Comando de Greve, a interrupção é uma forma de garantir que os alunos que aderiram ao movimento não sejam prejudicados com a realização destas aulas durante a paralisação.

Ainda de acordo com o relato do Comando de Greve, diante da manifestação dos estudantes, o professor Gori acionou a segurança da universidade e alegou ter sido desrespeitado e agredido pelos estudantes que cantavam.

Em resposta à atitude dos alunos em greve, um grupo de professores manifestou, em petição pública, repúdio ao episódio que entendem ser uma injustificável violência contra o professor Alexandre Gori e afirmam que o direito à realização de uma greve não deveria significar sua imposição de forma autoritária, àqueles contrários a ela. Segundo o manifesto, tal atitude obstrui toda autonomia proporcionada pelo Estado de Direito.

Por outro lado, os alunos negam veementemente qualquer tipo de agressão e em nota de esclarecimento divulgada pelo Comando de Greve à comunidade acadêmica, afirmam que não houve nenhum tipo de agressão, física ou verbal, sendo que o único intuito da intervenção era interromper a aula dada a insistência do professor em desrespeitar a decisão da Assembleia.

Eles afirmam ainda que o ato foi filmado e no vídeo fica explícito que foi garantida a integridade física e psíquica do professor e dos três alunos.

Os estudantes agora cobram da direção do Instituto de Economia uma postura com relação às agressões verbais do professor Zé Maria, da mesma forma em que lhes foram cobradas satisfações imediatas no episódio que envolveu o professor Alexandre Gori Maia.

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