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Exposição ‘João Turin – escultor’ pode ser vista na Pinacoteca de São Paulo

Até o dia 6 de junho, pode ser vista no prédio principal da Pinacoteca de São Paulo, a exposição do escultor paranaense João Turin (1878 – 1949), o principal representante da arte animalista do Brasil.

João Turin nasceu em Porto de Cima, município de Morretes, região serrana paranense. Desde criança demonstrou interesse pelas artes e pela escultura: recobria pernas, tronco e braços com argila, deixava-a secar e depois a removia, para brincar com os moldes do próprio corpo assim obtidos. Já adulto, Turin recebeu do governo paranaense um bolsa de aperfeiçoamento e, aos 27 anos, ingressou na Académie Royale des Beaux Arts de Bruxelas, na Bélgica.

Em sua temporada na Europa, Turin enfrentou grandes dificuldades financeiras para sobreviver, principalmente nos primeiros anos em que viveu em Bruxelas e em Paris, entre 1914 e 1922, onde foi contemporâneo de Auguste Rodin, Picasso, Modigliani, Mondrian, Chagall, Matisse, Rilke, Jean Cocteau, Victor Brecheret, entre outros.

Retornando ao Brasil na década de 20, o ‘bom gigante’, como era conhecido o artista pelos seus quase dois metros de altura, optou por instalar-se em Curitiba, onde viveu até a sua morte. A decisão de viver na capital paranaense o tirou da efervescência do cenário nacional da época. Após a sua morte, o acervo do artista ficou sob a tutela de um dos sobrinhos, já que Turin não teve filhos. A prefeitura de Curitiba abriu, então, a Casa João Turin, espaço que se destinava a armazenar o acervo do artista. Mais da metade das peças deixadas por Turin eram matrizes em gesso, já que ele não tinha dinheiro ou apoio para fundi-las em bronze.

A obra de Turin só foi ‘redescoberta’ em meados de 2010, graças ao acordo firmado entre as famílias Turin e Lago, passando da primeira para a segunda os direitos sobre o acervo do artista. Foi a primeira vez que um projeto audacioso como este foi colocado em prática: equipes especializadas cuidaram do inventário, restauro, catalogação, levantamento histórico, livro, fotografia, fundição e exposições. Houve, inclusive, a preocupação em montar uma fundição artística especialmente para executar as obras de Turin, tecnologicamente moderna e ambientalmente correta. Tudo para garantir um padrão internacional e a alta qualidade das peças fundidas.

O resultado de todo o trabalho pôde ser visto, pela primeira vez, na exposição ‘João Turin – Vida, Obra, Arte’, montada no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, em 2014. Na mostra, cerca de 130 esculturas e baixos-relevos, além de pinturas, desenhos, cartas, documentos e ferramentas de trabalho usados pelo artista. Tudo sob a curadoria do crítico de arte José Roberto Teixeira Leite. O capricho e a preocupação dos detalhes garantiu à exposição o prêmio de melhor exposição de arte dado pela Associação Brasileira de Críticos de Arte. A mostra no MON também entrou para a história do museu, sendo a mais visitada de todos os tempos (266 mil visitantes).

Na Pinacoteca, a mostra reúne 50 obras entre esculturas e baixos-relevos, além de desenhos, pinturas e fotos antigas. Também há a reprodução de dois vestidos com temática paranista, movimento de valorização da fauna e flora paranaenses, onde Turin foi um dos principais representantes.

Entre as esculturas presentes na mostra, destaque para a de Tiradentes, realizada ainda na Europa que, no entanto, representa o famoso herói mineiro. Assim como as esculturas que definiram suas criações mais “brasileiras”, como as animalistas, caso da obra ‘Luar do Sertão’, que representa uma onça quase em dimensões reais.

A temática indígena, fortemente presente na obra do escultor, também está representada. Como, por exemplo, o ‘Índio Guairacá’, com 1,23m de altura, empunhando seu arco e flecha ao lado de um lobo-guará. A mostra também traz uma Pietá, feita em 1917, para a Igreja de Saint Martin, em Condé-sur-Noireau, na Normandia, França. Mesmo depois da região ter sido severamente bombardeada durante a Segunda Guerra Mundial e a Igreja seriamente danificada, a escultura permaneceu intacta e só foi redescoberta 70 anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial. (Carta Campinas com informações de divulgação)

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