divulgaA postura ética e a questão moral não são o forte da atual Câmara dos Deputados.

No entanto, são estas questões que poderão fazer com que alguns deputados federais de partidos de direita barrem o golpe parlamentar arquitetado pelo vice-presidente, Michel Temer, e pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ambos do PMDB.

Isso tem ficado evidente na véspera da votação do processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT). Deputados de partidos que estão majoritariamente a favor do golpe, estão fazendo declarações que revelam a impossibilidade de trair a própria consciência.

Veja abaixo a declaração de voto de três deputados que têm em comum questões de foro íntimo e falam em injustiça, traição e culpa. Essa pode ser uma barreira para a vitória do golpe, principalmente quando se tem um processo de impeachment sem crime de responsabilidade e deflagrado por um deputado acusado de forma patente de corrupção.

Veja na fala do deputado Adalberto Cavalcanti (PTB-PE), divulgada ontem à tarde, a presença forte da questão ética. “Voto contra porque não gosto de traição. Voto contra porque não sei cuspir no prato que eu comi. Voto contra porque defendo a plenitude da democracia. Posso assegurar que se depender de um sertanejo de fibra como eu, não vai ter golpe”, disse.

O líder do PHS, Givaldo Carimbão (AL), justificou na manhã de hoje (16) seu voto contrário ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Segundo ele, o impedimento dela seria uma injustiça, uma vez que não estão sendo aplicadas as mesmas regras usadas em governos anteriores.

“Muitas vezes decisões foram tomadas e o que se viu foi injustiça. Voto contra o impeachment porque a pior coisa do mundo é a injustiça. Na democracia não se prevalece a vontade do rei ou dos poderosos”, disse ele. “Não serei injusto e não vou me aliar à injustiça. Não dormiria em paz com a minha consciência se, para chegar ao poder, eu tivesse de praticar injustiça contra alguém”, acrescentou.

Veja o deputado Pedro Fernandes, do Maranhão: “Tenho recebido muita pressão de amigos, de pessoas próximas, de lideranças que querem ver este governo pelas costas. Mas, não posso cometer essa violência à democracia que tanto queremos ver consolidada. Prefiro sofrer as críticas agora, do que carregar a culpa de ter contribuído para enfraquecer nosso sonho de ter um país de fato Republicano e verdadeiramente democrático. Por isso, estou convencido que o melhor será o grande acordo nacional.”  (Carta Campinas com Agência Brasil)