Por Julicristie Oliveira
Um dia, numa reunião de um conselho que participo, um agricultor nos ofereceu algumas folhas de taioba. Ele sabia do meu interesse. Várias pessoas, à princípio, ficaram desconfiadas, comentaram que não era comida… Algumas se renderam à curiosidade e levaram algumas folhas para experimentarem em casa. A taioba é muito gostosa, lembra um pouco a couve e pode ser usada para substituí-la em pratos como a feijoada.
É importante questionarmos o nosso gosto. Será que realmente escolhemos sempre o que comemos? Muitas frutas, hortaliças, raízes e tubérculos que encontramos no supermercado não são da nossa biodiversidade, foram trazidas de outros países durante o Brasil colônia e foram adaptadas. Ademais, algumas têm raízes, folhas e talos comestíveis que ignoramos. É importante ressaltar que as trocas de alimentos e sabores que ocorreram em nossa história marcaram nossas cozinhas, tão diversas e interessantes. Porém, não seria importante incluir alguns alimentos e partes não convencionais na nossa comida? Com isto, podemos contribuir com redução do desperdício, aproveitar melhor os alimentos, conhecer novos sabores… Assim, nossa comida e, quem sabe(?) nossa vida, pode ser menos convencional.
Julicristie M. Oliveira tem doutorado em Nutrição em Saúde Pública, é professora do Curso de Nutrição da FCA/Unicamp e atua na área de Educação e Segurança Alimentar e Nutricional.