Funcionários do Mc Donald’s protestam contra assédio e exploração

Funcionários que trabalham na rede americana de fast food Mc Donald’s fazem protestos hoje (14), na região da Avenida Paulista, exigindo respeito aos direitos trabalhistas brasileiros. Os manifestantes denunciam acúmulo de função, falta de equipamentos de proteção individual, assédio moral e salários inferiores ao mínimo.

A concentração do protesto começou às 10h, no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), e seguiu em passeata, às 11h, em direção Praça Ramos de Azevedo, onde há uma loja do Mc Donald’s. No Brasil, a campanha #SemDireitosNãoéLegal foi marcada para ocorrer em vários estados, integrando a ação em vários países.

O ex-funcionário do Mc Donald’s Lucas da Cruz Marques, 20 anos, contou que trabalhou como atendente da madrugada na empresa e que, apesar da função, acumulava outras atividades como recebimento de cargas e manuseio de produtos químicos, muitas vezes sem equipamento de proteção. “Ficava até duas horas numa câmara fria, usando só um jaleco”, disse.

O intervalo intrajornada também não era respeitado, segundo o ex-funcionário. “A gente tinha que comer um lanche sem cumprir uma hora de almoço, eram 15 minutos. Mas batia a marcação como se tivesse descansado por uma hora”, disse ele. O salário que Lucas recebia era de R$ 900, com adicional noturno, mas ele lembra de colegas que trabalhavam de manhã e à tarde que recebiam apenas R$ 400.

Rafael Costa da Silva, 27 anos, trabalhou por 5 anos no Mc Donald’s, sendo promovido até o cargo de gerente. Ele conta que ficou doente em razão do desrespeito às normas trabalhistas. “Quando fazia o fechamento, mexia na chapa quente, fazia troca de óleo, sem o equipamento necessário. As botas não tinham uma limpeza correta e escorregavam. O casaco da câmara fria, de menos 21 graus, fedia. O gerente me pedia para entrar na câmara, não tinha tempo para pôr o casaco, eu colocava só um jaleco quente da chapa e entrava. Tive princípio de pneumonia”, relatou.

Um gerente que trabalha no Mc Donald’s há 7 anos e preferiu não se identificar, por temer retaliações, também falou sobre a existência de abusos. Mesmo sendo gerente, ele precisa, muitas vezes, trabalhar com a chapa fazendo os lanches, já que há falta de empregados. “Fiquei doente várias vezes, sofri várias queimaduras. E o nosso salário varia, eu ganho R$ 1,7 mil, às vezes vem R$ 200 a menos, não sabemos o porquê. Tem atraso de pagamento das férias. E não cumpro uma hora de almoço”, disse.

Josimar Andrade, diretor da União Geral dos Trabalhadores, conta que o protesto foi coordenado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de São Paulo (Sinthoresp). “Estamos contra a política de exploração do Mc Donalds dentro de suas lojas, é um dia de ação global. Nos Estados Unidos, na matriz, várias cidades, estados americanos, têm protestos e greves”, afirmou.

A Agência Brasil entrou em contato com a assessoria de imprensa do Mc Donalds, que ainda não se pronunciou.(Agência Brasil/Fernanda Cruz)

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