O golpe paraguaio, conhecido golpe dado contra o povo do Paraguai pelas elites do país, há três anos, foi motivado por descontentamento político com o presidente Fernando Lugo.
No golpe, o Poder Judiciário teve papel importante para dar um ar de legitimidade. Assim como as acusações contra Dilma Rousseff (PT), os deputados da oposição paraguaia defendiam a deposição do presidente pelo suposto “fraco desempenho de suas funções”.
O processo foi iniciado dia 20 de junho, a pedido de um deputado do partido de oposição. O motivo é o mais absurdo possível: um confronto entre policiais e camponeses, durante a reintegração de posse de uma fazenda em Curuguaty. O incidente deixou dezessete mortos e oitenta feridos.
O processo de impeachment de Lugo, que durou pouco mais de 24 horas, foi considerado legítimo pelo Tribunal Superior Eleitoral do país. Mas totalmente ilegal e ilegítimo pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Para se ter uma ideia, ao presidente do Paraguai foram dadas apenas duas horas para se defender.
No dia 22 de junho, o presidente foi destituído pela Câmara dos Senadores do Paraguai por 39 votos a 4 e na mesma noite, o vice-presidente Federico Franco empossado como novo presidente da República do Paraguai.
Setores de mídia, Justiça e político agiram de forma organizada para depor Fernando Lugo, que foi eleito pela população.
Mas o que faz com que o Brasil tenha conseguido resistir tanto tempo?
No Brasil de hoje, os vazamentos de investigações em associação com a cobertura de jornais, rádios e TVs agem como assessores de imprensa do golpe, descontentes com o governo. No Brasil ainda há uma agravante, a oposição conseguiu mobilizar parte da população em favor do golpe paraguaio e promove manifestações nas ruas.
Mas mesmo assim, o golpe resiste e por vários motivos.
Um deles, e muito importante, é a composição de força dentro do Congresso Brasileiro. Apesar do ataque intensivo pela mídia, o PT é um dos maiores partidos no Congresso. Mas isso não basta.
O golpe no Brasil seria um golpe patrocinado pela oposição, mas viabilizado, justamente, pelo partido que está no governo, o PMDB. A possibilidade do golpe está justamente no PMDB.
O golpe já poderia ter sido realizado não fosse a heterogeneidade dentro do próprio PMDB. Como no Paraguai, o vice-presidente do Brasil trama o golpe e até ‘confessa’ em carta à própria presidente.
Outro fator que impediu o golpe paraguaio foi a composição do Supremo Tribunal Federal que, apesar das péssimas escolhas de Lula, tem quadros que julgam mais baseados na legislação do que na visão política ou pressão da mídia. O julgamento do rito no Supremo foi um banho de água fria no golpe.
Além disso, por mais desgaste e isolamento a que foi levado o PT nos últimos anos, o partido teve uma certa solidariedade por parte da sociedade diante do avanço conservador, o que ajudou a combater o golpe também nas ruas.