O policiamento no local de concentração está menos ostensivo em comparação aos protestos anteriores, mas já há homens da Tropa de Choque e da Força Tática da Polícia Militar (PM).
“O governo do estado e a prefeitura deveriam assumir que não baixar as tarifas é defender o lucro dos empresários. Uma auditoria já feita sobre o sistema de transporte em ônibus mostra que o lucro dos empresários está acima da média. A nossa estratégia é não sair da rua enquanto a tarifa não cair”, disse Erica de Oliveira, do MPL.
O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e a Frente do Povo sem Medo também se manifestam contra o aumento da tarifa em mais dois pontos da cidade: no metrô Capão Redondo, zona sul da cidade, e no metrô Itaquera, zona leste. Eles divulgaram que estarão nas ruas “por entenderem que o aumento da passagem não responde aos anseios de um transporte digno para a maioria da população e ao mesmo tempo em que tarifa mais alta significa menos comida na mesa do trabalhador da periferia”.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) disse, em nota, que vai providenciar a segurança no trajeto das duas manifestações do MPL e que já entrou em contato com a prefeitura para solicitar a alteração nas linhas do transporte público, o recolhimento do lixo e de entulho das ruas que fazem parte do trajeto das manifestações. A SSP foi informada das manifestações organizadas pelo MTST ontem (18) à noite.
Na última quinta-feira (14), o MPL realizou dois protestos, um no centro da cidade e outro na zona oeste. Em todo o percurso, houve forte presença da polícia, que manteve a tática de “envelopar” a passeata, ou seja, cercar com cordões de policiais as laterais, a frente e a retaguarda do protesto.
Aumenta a reprovação da população ao transporte público
Aumentou o número de moradores da capital paulista que reprovam o valor das tarifas do transporte público na cidade. Segundo a pesquisa Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município (Irbem), divulgada hoje (19), 81% dos moradores da cidade de São Paulo avaliaram com notas entre 1 e 5 o preço das passagens de ônibus, trens e metrô.
O levantamento ouviu 1,5 mil pessoas entre 30 de novembro e 18 de dezembro do ano passado. No levantamento anterior, feito no final de 2014, a desaprovação era de 74%.
Nesta terça-feira, São Paulo tem o quarto dia de protestos contra o reajuste das tarifas do transporte público de R$ 3,50 para R$ 3,80. O Movimento Passe Livre (MPL) convocou um ato com concentração na Avenida Brigadeira Faria Lima que se dividirá em duas frentes: uma seguirá para a prefeitura, no centro da cidade, e a outro para o Palácio dos Bandeirantes, sede do Executivo estadual, na zona oeste. O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto também convocou duas manifestações para o final da tarde de hoje – uma na zona leste e outra na zona sul da capital.
De acordo com a pesquisa Irbem, 17% da população paulistana acha que a qualidade de vida piorou muito e 19%, que piorou um pouco. Na pesquisa anterior, os percentuais para os itens eram 3% e 10%, respectivamente. O percentual dos que acham que a qualidade de vida melhorou muito caiu de 9% para 6%. O número dos que acreditam que melhorou um pouco caiu de 28% para 17%.
Houve queda em 24 das 25 áreas que compõem o índice. A única que permaneceu estável na comparação com a pesquisa anterior foi a de relações com animais. Os itens relacionados a trabalho, desigualdade social, assistência social e consumo estão entre aqueles cuja avaliação mais piorou.
Para o coordenador executivo da Rede Nossa São Paulo, organização responsável pelo estudo, Maurício Broinizi, os resultados foram influenciados pelo contexto de crise econômica e política. “As perguntas mais genéricas estão refletindo o contexto histórico que nós estamos vivendo, de muito pessimismo, e a crise econômica, que interfere muito no bem-estar das pessoas”, disse Broinizi após a apresentação da pesquisa.
Segundo Broinizi, as perguntas objetivas sobre serviços públicos tiveram variação muito menor e até melhora de avaliação, em alguns itens. “Quando comparamos com as avaliações que os paulistanos fazem ponto a ponto dos serviços e equipamentos públicos, as variações são muito pequenas”, afirmou.
Poder Público
As avaliações relacionadas à atuação do Poder Público tiveram queda significativa. Apenas 5% dos moradores de São Paulo consideram ótimas ou boas as ações da Câmara Municipal. Para 71% dos entrevistados, o trabalho dos vereadores é ruim ou péssimo. No levantamento anterior, o índice de aprovação do Legislativo municipal era de 10%.
Quanto à administração do prefeito Fernando Haddad, caiu de 15% para 13% o percentual dos que avaliam o governo como ótimo ou bom e de 45% para 31%, o dos que consideram regular. Os que acham a administração ruim ou péssima passaram de 40% para 56%.