De acordo com o diretor de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do Ministério, Volnei Canônica, o novo cadastro, lançado no evento Território Leitor, que ocorreu no dia 1º de dezembro em Brasília, permitirá colocar os equipamentos em rede para troca de informações e experiências.
“Agora, vamos começar uma campanha para que todas [as bibliotecas] se autodeclarem e se cadastrem, de modo a iniciarmos o mapeamento e o diálogo. Faremos um mapeamento online para podermos monitorar e a própria comunidade entrar e informar que a biblioteca não está mais aberta’. Queremos, de alguma maneira, fazer uma intervenção, conversar com o gestor público, para saber o que houve, a razão dessa biblioteca não está mais aberta”.
Segundo Canônica, o país não tem bibliotecas em número suficiente para atender a população. Ele destacou que a biblioteca é o principal equipamento cultural que o município deve ter e precisa ser preservado. “É o equipamento cultural que hoje chega ao maior número de pessoas. Não temos tantos museus quanto bibliotecas. Também não temos tantas salas de cinema. Então, cortar recurso para as bibliotecas é realmente cortar o maior e, às vezes, o único equipamento cultural que aquele município dispõe.”
Mesmo com a concentração apontada pelo diretor, o bibliotecário Chico de Paula, integrante do Movimento Abre Biblioteca Rio, informou que o estado do Rio tem o menor número de bibliotecas por habitante do país. “É vergonhoso o segundo estado mais importante do ponto de vista econômico e cultural ter uma biblioteca para cada 110 mil habitantes.”
A superintendente da Leitura e do Conhecimento da Secretaria de Estado de Cultura, Vera Schroeder, explicou que “pouquíssimas” cidades do estado não têm bibliotecas, mas reconheceu que muitas não estão em condições adequadas. “A maioria das cidades tem bibliotecas, mas algumas estão em condições muito precárias, em local inadequado, com alguma infiltração ou algum tipo de problema. Através do Sistema Estadual de Bibliotecas, temos dado um apoio bastante forte.”
Vera acrescentou que a secretaria está finalizando dois convênios com o Ministério da Cultura, um para modernização de 40 bibliotecas dos municípios, com aquisição de computadores, mobiliário e livros, e outro para capacitação de agentes de leitura “que já atuaram em diversas localidades do estado do Rio de Janeiro, visitando famílias e estimulando o hábito da leitura”.
Para Canônica, é preciso investimento e políticas públicas para melhorar a rede e alcançar todas as cidades. “O Ministério da Cultura, que coordena o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, dá as diretrizes para abertura das bibliotecas, orienta como tem de ser essa abertura, a formação, dialoga com o gestor público. Mas cabe a cada município e a cada estado a estrutura física do local, os funcionários para atuar nessa biblioteca, o bibliotecário”.
O diretor de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do Minc explicou que a modernização dos equipamentos vai muito além da infraestrutura. Segundo ele, é preciso modernizar também os projetos de incentivo à leitura.
“Um projeto mais arrojado, mais moderno, misturando linguagens para levar novos leitores à biblioteca é um projeto de modernização, assim como a biblioteca ter um espaço para dialogar com a comunidade. Modernização não é só ter equipamentos mais velozes, mais modernos, um software mais dinâmico. A modernização desses equipamentos culturais se dá por um novo olhar, um olhar mais protagonista, mais inaugural para as ações de promoção de leitura.”
Para Vera Schroeder, essa discussão ocorre no mundo todo e a tendência é de não negar o avanço tecnológico, mas incorporá-lo às bibliotecas. “Você tem de lidar com essa realidade, em vez de negá-la, achando que os espaços como bibliotecas não podem ter outras janelas, outras portas e outros contatos, inclusive com o mundo digital. Se fecharmos essas janelas, aí sim vamos impedir e elas não servirão de estímulo ao acesso ao conhecimento e à literatura, que é o objetivo de uma biblioteca.”
Ela acrescentou que as bibliotecas em todo mundo, assim como os museus, têm se repensado enquanto espaço cultural para se tornar cada vez mais ‘vivos’. A vida de todos é tocada hoje por essa vastidão de informações que, muitas vezes, não leva a informação nenhuma. Se não tivermos esses espaços como tablets, computadores, jogos, teatro, cinema e artes visuais não conseguiremos chegar a esse universo da literatura.”
Joia da coroa
Primeira biblioteca do país e também a mais antiga instituição cultural brasileira, a Biblioteca Nacional foi fundada em 1810 como Real Biblioteca, com o acervo trazido pela corte de D. João VI em 1808.
Atualmente, tem acervo de 9 milhões de itens e foi considerada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como uma das principais bibliotecas nacionais do mundo.
A Biblioteca Nacional também é responsável pelo depósito legal de toda produção intelectual do país, ou seja, pelo menos uma cópia de todos os livros e periódicos publicados estão sob guarda da instituição.
Por mês, a Biblioteca Nacional recebe cerca de 1,7 mil pesquisadores presenciais, além de 300 atendidos a distância pela Divisão de Informação Documental. Já as exposições recebem 2,2 mil pessoas por mês e a visita orientada mais 2,1 mil. O acervo digital é visitado por 507,9 mil. Cerca de 200 mil seguem a instituição no Facebook e 100 mil no Twitter.
Em obras desde o começo do ano, a sede da instituição, na Cinelândia, centro do Rio, deve ter a restauração da cobertura, claraboias, vitrais e instalações elétricas concluída até o meio do ano. Já a da fachada só será concluída no fim de 2017. O local continua aberto à visitação e atendendo àqueles que desejam consultar o acervo para pesquisa. As informações são da assessoria de imprensa da biblioteca.
O prédio anexo, na zona portuária, atualmente não é aberto à visitação. Ele também será totalmente reformado, mas o projeto ainda está em análise e deve ser concluído em março. Não há previsão para o início da construção, mas a obra deve durar 36 meses.(Agência Brasil / Akemi Nitahara)