A chapa alternativa, de oposição, venceu hoje (8) a eleição na primeira fase da votação para escolha da comissão especial que analisará o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Por 272 votos a 199 – além de duas abstenções –, a chapa 2 venceu a 1, favorável ao governo. A sessão foi tumultuada, especialmente após a decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de fazer votação secreta.
A chapa 1, com indicações de líderes da base governista, tinha 49 integrantes, enquanto a 2 contava com 39. A comissão especial será formada por 65 membros – o número deverá ser complementado amanhã, em nova sessão.
“Nunca vimos um presidente da Câmara sem legitimidade e ainda por cima com posicionamento tão autoritário como Eduardo Cunha”, criticou Paulo Pimenta (PT-RS). “Temos uma história democrática, não é possível que uma eleição para decidir uma questão importante para o destino do país como a comissão do impeachment seja realizada na forma de voto secreto”, acrescentou a líder do PCdoB, Jandira Feghali (RJ).
“Voto secreto degrada o parlamento e nada mais é do que uma forma de os parlamentares votarem de forma secreta após articulações de toma lá, dá cá. Isso não é correto. E digo isso com a prerrogativa de ser líder de um partido que não faz parte da base aliado. O impeachment, dessa forma, fica totalmente imaculado”, afirmou Chico Alencar (Psol-RJ). “O dia é histórico para nós, e ao contrário de todos esses discursos, não há o que contestar”, rebateu Vanderlei Macris (PSDB-SP).
Muitos deputados da base aliada ainda gritaram “Fora Cunha, Dilma Fica”, ou “Quem resistiu à ditadura não tem medo de chantagem”. A oposição, por sua vez, cantou o Hino Nacional, proferiu chavões como “Vai ter impeachment, vai ter impeachment” e continua comemorando.
Cunha evitou dar declarações até agora. Os líderes governistas seguiram para uma reunião rápida e, segundo José Guimarães (PT-CE), que discursou no plenário, a base aliada aguarda uma resposta do STF para até o meio-dia de amanhã (9) sobre o pedido de cancelamento da sessão.
Confira os nomes dos integrantes da comissão eleita:
DEM – Titulares: Mendonça Filho (PE) e Rodrigo Maia (RJ). Suplentes: Elmar Nascimento (BA) e Moroni Torgan (CE).
PSDB – Titulares: Bruno Covas (SP), Carlos Sampaio (SP), Nilson Leitão (MT), Paulo Abi-Ackel (MG), Rossoni (PR) e Shéridan (RR). Suplentes: Daniel Coelho (PE), Fábio Sousa (GO), Izalci (DF), Nilson Pinto (PA), Rocha (AC), Rogério Marinho (RN)
SD – Titulares: Fernando Francischini (PR) e Paulinho da Força (SP). Suplentes: Genecias Noronha (CE) e Lucas Vergilio (GO).
PPS – Titular: Alex Manente (SP). Suplente: Moses Rodrigues (CE)
PSC – Titulares: Eduardo Bolsonaro (SP) e Pastor Marco Feliciano (SP)
PMDB – Titulares: Lucio Vieira Lima (BA), Carlos Marun (MS), Flaviano Melo (AC), Lelo Coimbra (ES), Manoel Junior (PB), Osmar Serraglio (PR), Osmar Terra (RS). Suplentes: Alceu Moreira (RS), Darcísio Perondi (RS), Geraldo Resende (MS), Rogério Peninha Mendonça (SC) e Valdir Colatto (SC)
PHS – Titular: Kaio Maniçoba (PE). Suplente: Carlos Andrade (RR)
PTB – Titulares: Benito Gama (BA), Ronaldo Nogueira (RS) e Sérgio Moraes (RS)
PSD – Titulares: Delegado Éder Mauro (PA), Sóstenes Cavalcante (RJ), João Rodrigues (SC), Evandro Roman (PR) e Alexandre Serfiotes (RJ). Suplentes: Jefferson Campos (SP) e Silas Câmara (AM)
PEN – Titular: André Fufuca (MA)
PMB – Titular: Major Olímpio (SP). Suplente: Ezequiel Teixeira (RJ)
PP – Titulares: Jair Bolsonaro (RJ), Jerônimo Goergen (RS), Luis Carlos Heinze (RS) e Odelmo Leão (MG). Suplentes: Renzo Braz (MG) e Roberto Balestra (GO)
PSB – Titulares: Danilo Forte (CE) e Fernando Coelho Filho (PE) (RBA; edição Carta Campinas)