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Por Gabriele Martins –

O que é o amor hoje em dia? Não há como defini-lo por completo, nunca sequer houve um momento em que se pôde dizer “eu sei o que é o amor”.

O fato é isso, de não sabermos o que é o amor, e usarmos como desculpa que ele é um sentimento puro e perfeito, mas indescritível e que só conhece quem senti-lo, só faz com que as pessoas estejam sempre a procurar por esse sentimento, cuja utopia é que quem o possuir estará completo e não precisará de mais nada. Estaria a sociedade tão cega a ponto de confiar todo seu futuro, depositar toda sua esperança em um único sentimento, que mais se assemelha a roupa invisível do rei no conto “A roupa do Rei” de Hans Cristian Andersen? O qual por ser um homem tão vaidoso acreditou que somente poderia ver sua roupa os homens mais inteligentes e mesmo não a vendo fingiu que a viu, assim como todas as demais pessoas do reino, mesmo não havendo nenhuma roupa de fato. Entretanto ninguém queria ser taxado como burro ou ignorante, por isso diziam ver a “nova roupa do rei”. Poderia a sociedade ter regredido tantos séculos assim? Acreditar em algo mesmo não tendo visto ou sentido? Ou pior, fingindo sintomas de “amor”? Por que afinal, o que é o amor?

Eu diria que ele nos causa dor, estranheza, timidez, grosseria, enfim, uma mistura de ações e reações, que variam de pessoa para pessoas. E por que isso? Por que essa variação? A resposta óbvia, todavia a que ninguém (ou ao menos a que um ser apaixonado) quer enxergar, é que todos temos um sistema orgânico diferente, ou seja, somos diferentes geneticamente, por isso há quem tenha amores mais duradouros e há quem os perca em suas primeiras horas. O que não deixa de ser uma ironia a mais “nova roupa do rei”, a sociedade nos dita que precisamos de algo para sermos felizes, no entanto nem sempre encontramos esse ‘algo’, e é nessa hora, nesse momento, que os meios de comunicação entram em ação e nos dizem que o que precisamos, mas não encontramos, é o amor.

E mais, dizem que não é porque não o encontramos agora que devemos desistir, não, de forma alguma, eles nos dão a esperança de que ele se encontra na próxima esquina e quando menos esperarmos ele nos encontrará. Agora me diga, até quando esse conto de fadas perpetuará? Para aqueles que já desistiram de ‘topar’ com o amor em qualquer esquina por ai, um aviso: A coisa não acaba por ai.

Sempre que alguém diz que desiste, será que desiste mesmo? Ou ainda resta aquela ínfima esperança batendo escondida e reclusa em um canto do peito?

Ah, meus caros, sempre haverá essa tal de esperança para nos atormentar. Afinal é dela que estamos sempre a nos alimentar, não há como negar.

Ela é boa e passiva, nos move adiante, mesmo nas mais terríveis tempestades, porém quando ela se esconde e acalenta aquele pequeno pedaço que você não queria se apegar de jeito algum, ai, ela não é benevolente ou paciente, não, ela atiça, queima como brasa, exige de você atitudes desesperadas e impensadas, que no final só te faz ficar mais machucada.

Por isso o aviso, não acaba por ai. Esta sua desistência só está adormecida, mas é acalentada pelo fogo da esperança. Prova? Quer prova maior do que as cenas românticas de filmes e livros? Podemos negar o quanto quiser, dizer que sabemos que tudo não passa encenação e que nunca irá nos acontecer na vida real, mas quem nunca, quem (e eu me incluo nesta) me diga por favor, nunca, nunquinha, no mais íntimo e tenros segredos, nunca esperou ou espera que isso um dia aconteça em sua vida? Sabe aquela reviravolta mirabolante? O cara se declarando no ultimo minuto? Entoando canções de amor (e nem adianta dizer que é brega, que sabemos ser só inveja), te salvando do vilão da histórias (mesmo que ele seja somente uma barata, afinal aqui é a vida real), ou brigando por outro pelo seu amor (o que já complica um pouco, afinal se achar um já está difícil, imagina dois?).

Agora diga, quem nunca sonhou com isso?  O que é a esperança senão todos esses sonhos embolados e guardados nos mais reclusos e escuros cantos do coração? O que é o amor senão a espera destes sonhos se tornarem realidade? Da nossa vida ser feita de capítulos e vivermos a espera daquele clímax, bem no momento em que o herói chega para salvar a moça? O que é o amor senão está esperança amarga e dormente, que só nos domina a mente?