Destinada às crianças entre seis semanas e 17 meses, a vacina ultrapassa uma das últimas etapas antes da comercialização, mas ainda será necessária a recomendação da Organização Mundial da Saúde antes de uma eventual difusão, principalmente na África.
De acordo com um estudo feito ao longo de vários anos, publicado em abril, a “RTS,S” tem uma eficácia modesta e baixa ao longo do tempo, mas é atualmente a vacina experimental mais promissora contra à malária. A doença mata, em média por dia 1,2 mil crianças na África subsaariana.
A vacina destina-se “a imunizar as crianças com idades entre as seis semanas e os 17 meses contra a malária e a hepatite B. Após décadas de investigação sobre a vacinação contra a malária a ‘Mosquirix’ é a primeira vacina contra a doença a ser avaliada por uma autoridade de regulação”, indicou a EMA, com sede em Londres.
Com base nos resultados do estudo feito a Comissão dos medicamentos para uso humano da EMA concluiu que, apesar da eficácia limitada, a relação sobre benefício e risco da ‘Mosquirix’ é favorável nos dois grupos de idade estudados.
Estudos em bebês
O estudo foi feito em um grupo de bebês, de seis a 12 semanas, e em outro, de cinco a 17 meses, em uma amostra total de aproximadamente 15,5 mil crianças de sete países africanos (Burkina-Faso, Gabão, Gana, Malaui, Moçambique, Quénia, e Tanzânia).
Alguns bebês receberam uma injeção de reforço 18 meses após a última dose da vacina inicial, que foi administrada em três doses durante os três primeiros meses de vida. Nos lactentes a vacinação inicial foi seguida por uma dose de reforço, a redução das crises foi 26% nos três anos de monitorização, mas não se registou uma proteção significativa contra os ataques graves de malária.
Nas crianças que receberam uma dose de reforço, o número de episódios clínicos simples de malária depois de quatro anos baixou um pouco mais de um terço (36%). Sem dose de reforço, a vacina não demonstrou eficácia significativa contra a malária grave neste grupo etário.
“Temos finalmente uma vacina que funciona, mas não tão bem quanto esperávamos a princípio”, reagiu Nick White, professor de medicina tropical na Universidade Mahidol em Banguecoque e em Oxford (Reino Unido).
Na quarta-feira (22), o médico Ripley Ballou, responsável pela investigação de vacinas na GSK, considerou ter sido dado “um passo significativo”: “Trabalhei 30 anos nesta vacina e é um sonho tornado realidade.”
A malária, devido ao parasita ‘Plasmodium’ transmitido por mosquitos, matou 584 mil pessoas em todo o mundo em 2013, sobretudo na África, de acordo com a OMS. As crianças com menos de cinco anos de idade representam pelo menos três quartos destas mortes.(Agência Brasil/Ag.Lusa)