Darcy Ribeiro define como corrupção senhorial uma bifurcaçao de conduta das classes domimantes em dois estilos contrapostos.
“Um, presidido pela mais viva cordialidade nas relações com seus pares; outro, remarcado pelo descaso no trato com os que lhe são socialmente inferiores. Assim é que na mesma pessoa se pode observar a representação de dois papéis, conforme encarne a etiqueta prescrita do anfitrião hospitaleiro, gentil e generoso diante de um visitante, ou o papel senhorial, em face de um subordinado. Ambos vividos com uma espontaneidade que só se explica pela conformação bipartida da personalidade” (O Povo Brasileiro, pag 199, Cia das Letras).
Mas talvez falte acrescentar ao pensamento de Darcy Ribeiro uma dubla bicurcação sobreposta. As classes que atualmente batem panela também bifurcam a conduta, em muitos casos, ao darem benefícios e garantias no ambiente privado, para os empregados e serviçais domésticos, mas são radicamente contra qualquer consolidação legal desses benefícios para o coletivo. Daí os presentes aos serviçais próximos como roupas de marca, aparelhos eletrônicos etc, e pagam muitas vezes bons salários. Mas ao mesmo tempo marcham e combatem qualquer avanço legal.
Em tempos de combate udenista contra a corrupção, Darcy Ribeiro nos atualiza sobre a corrupção moral das elites. Afinal, balear professores é normal.