Na área cultural, as políticas do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e Jonas Donizette (PSB) estão em total sintonia. É a política Casa Grande e Senzala. A educação e o investimento cultural devem ir para as elites econômicas e o resto da população assiste a tudo no modelo de assistencialismo erudito.
O modelo se resume ao seguinte: constroem grandes obras para o desfrute da elite (Sala São Paulo, Teatro de Ópera de Campinas), oferecem um assistencialismo levando crianças para ver as orquestras sinfônicas, espécie de turismo sádico, e mantêm escolas públicas sem qualquer formação cultural, sem tempo integral, sem eliminar a evasão, sem vagas em creches, sem uma formação plural e humanística, sem ensino de música, sem ensino de teatro, sem ensino de dança, sem ensino de artes plásticas. Oferecem o lixo na formação educacional do aluno e o constroem obras para o deleite elitista.
Isso se mostra no fechamento da Oficina Cultural Hilda Hilst, em Campinas, um dos raros espaços de cursos culturais gratuitos e com custos baixos. (Na verdade, a Oficina deveria fechar depois que todas as escolas públicas estivessem fazendo esse mesmo trabalho). Ao mesmo tempo, tanto o governador como o prefeito de Campinas estão empenhados na construção do Teatro de Ópera em Campinas. Megalomaníaco, o teatro deve custar inicialmente R$ 80 milhões, mas se tudo der certo, talvez o governo e a prefeitura desembolsem apenas R$ 120 milhões até o final da obra. O custo de manutenção? Cerca de R$ 10 milhões anuais.
O teatro, com sua imponência, cai como uma luva no delírio de uma elite provinciana, deslumbrada e egoísta. Lá poderão desfrutar, quem sabe, das grandes produções norte-americanas e europeias. Tudo bancado ou facilitado com dinheiro público. Na periferia, a selva.
Assim como na Sala São Paulo do governo Alckmin, em Campinas a periferia visita a alta cultura com eventos assistencialistas e pontuais. Nesta manhã do dia 27, sexta-feira, 800 estudantes da Educação Infantil e Ensino Fundamental, da Rede Municipal de Ensino de Campinas, lotaram o Teatro Castro Mendes para acompanhar de perto a terceira edição do projeto Concertos Didáticos.
As apresentações acontecem até a próxima quinta-feira, 2 de abril, sempre das 9h às 12h. Juntos, todos os espetáculos reunirão seis mil alunos. O projeto é uma parceria das secretarias de Educação e Cultura. Por uma hora, conduzidas pelo palhaço Batuta, crianças conheceram um pouco de cada instrumento que compõe uma orquestra sinfônica, ouvindo também o som que sai de cada um deles. Vejam só que política cultural. Crianças vão à orquestra como vão ao circo e tem até palhaço.
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