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Francisco Glicério, nome da rua central, era neto de escravos

Das muitas ruas de Campinas, alguém sabe o que tem em comum a Avenida Francisco Glicério, a Rua  Mestre Tito, a Rua 13 de Maio, a Rua Luís Gama e a Rua da Abolição? Se não, é isso que o vereador  Carlão (PT) quer que fique mais explicado com o projeto denominado Ruas de Historias Negras. Ele quer que ruas, avenidas e praças de Campinas com nomes de personalidades e histórias negras sejam identificadas com informações sobre essas histórias para dar mais visibilidade e contribuir para o reconhecimento sobre a importância da participação dos negros no desenvolvimento da cidade e do país. “Temos a oportunidade de apresentar a história, os feitos e conquistas do povo negro, difundindo na sociedade a imagem do negro descolada do processo escravocrata, que tanto contribuiu para a degradação da imagem da cidade”, justifica Carlão.

Ele acredita que o projeto será uma contribuição ao cumprimento da lei federal 10.639/ 2003, que incluiu no currículo oficial das escolas públicas e particulares a obrigatoriedade do ensino das histórias e culturas africanas e afro-brasileiras, mas ainda não é aplicada na maioria das escolas. A proposta do vereador, que tem entre as prioridades de seu mandato a defesa da igualdade racial, foi protocolada na Câmara Municipal dia 4 de fevereiro, como Indicação ao prefeito Jonas Donizette, já que não poderia partir do Legislativo por gerar custos. A assessoria do mandato também entregou a proposta ao diretor de Cultura, Gabriel Rapassi, na última quinta-feira (5/2), para que seja avaliada pela Secretaria de Cultura.

O projeto Ruas de Histórias Negras traz um levantamento que já aponta treze locais para sua aplicação. Entre estes locais estão a Avenida Francisco Glicério, já que o general Francisco Glicério Cerqueira Leite, que dá nome à avenida, era neto de escravos; a Rua  Mestre Tito, que foi um curandeiro com grande conhecimento sobre ervas e que curou vários barões, além de realizar o sonho de iniciar a construção da igreja de São Benedito (finalizada por Ramos de Azevedo); a Rua 13 de Maio, local aonde ocorria o livre comércio de negros escravizados; a Rua Luís Gama, jornalista e escritor, filho de negra livre, pertencia a uma das principais famílias da Bahia.

Outros locais mencionados no projeto são a Catedral Metropolitana, Rua da Abolição, Capela de Santa Cruz do Fundão, Alameda Central do Cemitério da Saudade, Estátua da Mãe Preta, Cemitério dos Cativos, Largo das Andorinhas e Largo Santa Cruz. (Carta Campinas com informações de divulgação)