Decorar hinos que fazem ode ao estupro e agressão física, levar socos no esterno (osso localizado na parte anterior do tórax), tapas na cara, simular sexo oral com banana e andar numa piscina de urina, fezes e vômito.
Estes são alguns dos trotes institucionalizados ocorridos na Pontifícia Universidade Católica de Campinas, a Puccamp, um dos mais tradicionais institutos de educação do país.
Em longo depoimento na CPI instalada na Assembleia Legislativa para apurar violações dos direitos humanos e outras ilegalidades nas universidades de São Paulo, alunos da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica (PUC)-Campinas denunciaram hoje (7) um esquema de intimidação, ameaças, violências física e moral e trotes humilhantes.
O esquema tem a participação de alunos veteranos e mesmo médicos formados. Segundo os alunos, a Associação Atlética Acadêmica Samuel Pessoa é um dos pilares do esquema, cuja estrutura de poder seria baseada na hierarquia na qual a ponta superior teria a participação ou anuência de professores da instituição. A entidade destina-se a promover e coordenar eventos esportivos e “integração” dos alunos da faculdade, organizando festas e outras atividades.
Os veteranos e alunos, de modo geral, são submetidos a um sistema de hierarquia e a todos são atribuídos apelidos, que são dados numa data específica, o “Dia do Apelido”. “A pessoa ganha um apelido e perde a identidade”, disse um dos depoentes. O sistema de intimidações e trotes violentos envolve alguns veteranos conhecidos por alcunhas como Castor, Cebola, Xoxota e Boner, alguns dos citados na audiência. É comum que um veterano se especialize em um tipo de trote.
O apelidado Boner, por exemplo, é conhecido por ter preferência pela “esternada”: esse trote consiste simplesmente em um soco desferido no esterno, osso situado acima do estômago. De acordo com os alunos, o veterano conhecido como Castor tem o hábito de urinar nos calouros. Castor já é formado e faz residência médica em pediatria, segundo os depoimentos, mas mesmo assim participa dos trotes. “Os trotes não são feitos só para humilhar, mas para a pessoa entrar na estrutura”, contou um dos depoentes. Afinal, os calouros serão os futuros veteranos responsáveis por aplicar o “batismo” às novas turmas.
No alto da hierarquia da Associação, segundo a reportagem da Rede Brasil Atual apurou, estariam os médicos Carlos Osvaldo Teixeira, o Caiá, chefe do departamento de Clínica Médica da PUC-Campinas e fundador da Associação Atlética Acadêmica Samuel Pessoa, e Maria Aparecida Barone Teixeira, a Cidinha, responsável por indicar o formando que vai entrar na clínica médica. Caiá seria adepto de ter sua mão beijada. Os alunos contaram que “todo mundo da família tem que adorar Cidinha e Caiá”.
As violências não são fatos isolados. Os membros da “sociedade” formada a partir da Associação Atlética se autointitulam “a Família”. As meninas são submetidas a situações humilhantes, como ser obrigadas publicamente a simular sexo oral com bananas ou pedaços de pau. A “Família” obriga os alunos a decorarem hinos de teor misógino, machista e de estímulo à violência sexual. Eles são forçados a aprender esse hinário sob ameaças, como em exercícios militares.
Os alunos que se recusam a participar das atividades sofrem ameaças não apenas de violências física ou moral, mas de terem inclusive sua vida profissional prejudicada. O medo de retaliações faz com que os alunos evitem denunciar o esquema. Os alunos mais jovens costumam ouvir frases como: “se você não é da família, eu não vou poder te ajudar (quando o aluno se formar)”. “Isso assusta muito quem está no primeiro ano, começando uma vida na faculdade. O medo de ficar seis anos na faculdade e depois não conseguir trabalhar”, disse um dos depoentes.
Entre outras obrigações a que os “bixos” (calouros) são submetidos, está a de furtar lençóis do hospital (fornecidos pelo SUS) para serem usados em festas.
“Não posso acreditar que numa universidade possa acontecer isso. A igreja católica não pode respaldar, acolher coisas que acontecem na Faculdade de Medicina da PUC de Campinas. Eu sou um homem de esquerda e minha formação é católica. Estou totalmente agredido, isso é uma barbárie”, disse o deputado Adriano Diogo (PT), presidente da CPI da USP. A comissão vai convocar professores e membros da instituição da faculdade para depor. “Nosso objetivo aqui é formar médicos mais humanizados. Se as coisas não mudarem, daqui a dez anos vamos continuar ouvindo as mesmas histórias”, disse um dos alunos na CPI.
Por motivos de segurança, seus nomes não foram divulgados. As denúncias serão levadas ao Ministério Público. (RDA/Alesp/edição Carta Campinas)
Realmente deplorável a situação na Medicina Pucamp… Já tinha ouvido falar das atrocidades que essas pessoas, cometem. Finalmente alguém teve coragem de denunciar.
Espero, que toda a família responda por seus atos. Inclusive a diretoria omissa.
inadmissível, caso de polícia!
Estive perto da Medicina da Puccamp por bastante tempo e isso é pouco perto do que acontece lá! Acho ótimo que esse bando de inconsequentes comece a sofrer as consequências do que fazem! Reconheço o nome dos alunos mencionados e sei que existem outros iguais ou piores! E serão médicos.. bando de mimados e irresponsáveis! Espero que sejam bastante expostos e precisem conviver com a vergonha de serem julgados pelo que fazem!
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É católico e é de esquerda?? Poser… TSC tsc
Miséria humana: se esforça, estuda anos a fio e depois vira delinquente. Como será que esses médicos educam seus filhos?
Sou aluno de outra faculdade de medicina do estado de São Paulo, e digo para vocês que isso não é só na puc, ocorre em praticamente todas as outras.
Recentemente algumas estão banindo o trote,mas isso não é suficiente para acabar a humilhação e a exclusão dos que se recusam a participar de tais barbáries.
Digo mais, a atlética de uma faculdade de medicina gira em torno dos esportes, treinos e competições, muitas vezes encorajando o aluno a matar aulas, congressos e participações em ligas simplesmente para treinar o esporte e por consequência a vida acadêmica de quase todos os alunos “atletas” fica defasada, com o discurso de que quem não fizer parte desse mundo de atletas e jogos não terá amigos, exclusão na vida profissional e social.
A medicina no Brasil tinha que aprender com a americana, europeia, se não, vai continuar do jeito que está, e pior, os médicos vão ser de curadores a torturadores.
Esse pessoal invadiu a FCM UNICAMP, destruiu o CAAL e pior, espancou mulheres. São pessoas formadas entre a XIX e XXIV da PUCCAMP – alguns chegaram a ser presos na invasão.
A Unicamp na medicina baniu o trote violento na XXVIII, quando um calouro que hoje é cirurgião cardíaco apanhou de veteranos por recusar a levar o trote, os veteranos foram devidamente punidos pela administração.
Só para lembrar, o pessoal que invadiu hoje, tem auditores na Unimed Campinas…
Quem quiser saber mais detalhes, basta seguir a página MED LEÃO do facebook
Fui aluna da PucCamp medicina e acho que essa reportagem não representa o que é de fato essa faculdade. Sou eternamente grata à faculdade que eu escolhi fazer. Aonde vou, sou bem recebida por ser uma pessoa formada nessa instituição.
De fato TODAS as faculdades de medicina e de muitos outros cursos tem um passado de trote violento, mas isso vem mudando com o tempo.
Fui uma aluna que quase não fui em jogos, nao participei de nenhum esporte e fui em algumas festas da faculdade.
Nunca sofri por isso. Nunca ninguém me obrigou a fazer nada e mesmo ganhando um apelido, me chamavam pelo nome.E fiz muitas amizades com as pessoas da faculdade e passei numa residencia medica concorrida. Ninguém nunca me prejudicou no mercado de trabalho. Muito pelo contrário, fui muito bem recebida por colegas veteranos. Ou seja, sempre me respeitaram, assim como respeitei as tradições que existiam da minha faculdade.
Eu nem sabia dessa tal tradição de beijar a mão dos nossos chefes da CM.
E se soubesse, teria beijado em agradecimento, porque eles são pessoas maravilhosas.
Aos alunos que denunciaram a PUC em vão, minha profunda tristeza.
Queiram ou não, serão para sempre médicos da puccamp. Se não estão satisfeitos, é só prestar vestibular novamente ou serão pessoas eternamente frustradas.
Tudo na vida é um opção que as vezes precisa de coragem.
Tenho certeza que irão se arrepender desses acontecimentos.
Uma faculdades não é feita somente de atlética e de poucos que ainda insistem no trote. Eu encontrei meu espaço na faculdade de medicina fazendo o que gostava, agindo da maneira que achava certo sendo muito feliz.
Vocês são alunos muito revoltados que não sabem respeitar nenhuma tradição e que se o mundo não acontece sob o ponto de vista de vocês, preferem resolver isso através de uma CPI e não com um diálogo.
Boa Sorte!
“não sofreu nenhuma tortura e acha que precisa ser respeitada a tradição ? E se fosse seu filho nesta situação ? diria a ele para acatar a tradição né ?…
SQN
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Le, muito obrigada por ter se manifestado!!!
Sou formada em Quimica e presto Medicina. No sábado farei o vestibular da Puccamp, com muita alegria no coração! Confesso que fiquei apreensiva com essa reportagem, mas depois que li seu comentário, não tenho mais nenhum receio que tive ao terminar de ler essa noticia! Muito obrigada!!!!
Para os jovens, a Cidinha e o Caiá fizeram pós graduação na faculdade de medicina pela Medicina Interna.
Quando faziam a pós eram contratados, visto que bolsas de pós para médicos eram raras.
Cidinha sempre foi famosa na semiologia por induzir os alunos ao erro e depois reprová los levando os ao exame, com dois colegas do meu grupo aconteceu isto.
Ela é uma pessoa que tem intensa labilidade emocional.
Agora somente volto a dizer, a imagem que tenho de todo e qualquer co irmão é de troglodita que invade a casa dos outros e espanca em grandes hordas mulheres, na proporção de 10 homens para uma mulher.
Vocês confiariam nestes médicos? Turma XIX a XIV?
Preciso descrever um fato ocorrido em uma INTERMED, já na década de 2000, não sei qual da turma de co irmãos envolvida.
Mas, um deles (sexo indefinido) agrediu uma aluna da faculdade de medicina com uma PEDRA e gerou uma fratura de face, tendo depois de ser reparada.
Lembrei de um souvenir que foi apreendido pelo pessaol da AAAAL em uma INTERMED da década de 1990, um “chocoalho” cheio de pedriscos e com as pontas fechado com concreto.
Adereço para ser utilizado pela torcida co irmã contra a torcida da faculdade.