A Lei da Ficha Lima está não apenas evitando que políticos condenados sejam candidatos, mas tendo um efeito não esperado inicialmente pelo projeto. A Lei está expondo de forma espantosa como os partidos políticos são usados por interesses privados de grupos e famílias.

Em Família: José Roberto Arruda ao lado da esposa Flávia Peres, acompanhados da deputada Luzia de Paula e do ex-vice-governador Paulo Octávio
Em Família: José Roberto Arruda ao lado da esposa Flávia Peres, acompanhados da deputada Luzia de Paula e do ex-vice-governador Paulo Octávio

Os governadores cassados pela Lei da Ficha Limpa nestas eleições de 2014 conseguiram burlar a lei para manter seus interesses particulares e a influência privada. A fórmula foi colocar a própria mulher como candidata ou como vice-candidata. Assim, mesmo sendo barrado pela lei do ficha limpa, seus interesses privados podem ser mantidos.

Em 2010, Joaquim Roriz, candidato ao governo do Distrito Federal, já fez isso e lançou a candidatura de sua mulher, Weslian Roriz, após o Supremo Tribunal Federal (STF) julgar a validade da Lei da Ficha Limpa. Weslian Roriz tornou-se piada na campanha tamanho o seu desconhecimento da política e ao afirmar em um ato falho que “manteria a corrupção”

Em Mato Grosso, Janete Riva (PSD) assumiu a vaga do marido, José Riva (PSD), na disputa pelo governo do estado. Em Roraima, Suely Campos (PP) foi anunciada como substituta de Neudo Campos (PP), que concorria ao governo. O ex-governador José Roberto Arruda (PR) renunciou, mas sua mulher, Flávia Peres, será vice do ex-deputado Jofran Frejat, que assumirá seu lugar como candidato do partido ao governo do Distrito Federal. Em 100% dos casos de cassação, as mulheres assumem a vaga para manter interesses dos maridos cassados.

A lei eleitoral permite que as coligações possam trocar os candidatos das chapas que concorrem às eleições. O prazo termina na próxima segunda-feira (15), 20 dias antes do primeiro turno. Na quinta-feira (12), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou recurso de José Riva para ter a candidatura liberada. Por unanimidade, os ministros entenderam que ele está inelegível. Riva foi barrado pela Lei da Ficha Limpa, com base em sentença por improbidade administrativa pela Justiça de Mato Grosso.

A candidatura de Neudo Campos (PP-RR) acabou rejeitada pela Justiça Eleitoral de Roraima, em função de uma condenação por peculato e rejeição de contas pelo Tribunal de Contas de União (TCU). (Com informações da Agência Brasil)