Neste, como nos outros filmes escolhidos para compor o ciclo, Almodóvar faz um mergulho profundo em temas como sexualidade, gênero, violência contra a mulher, consciência, paixões e desejos irrefreáveis, todos permeados pelas cores características em sua obra: a intensidade do vermelho, a calmaria do azul, a ansiedade do amarelo.
Em “Fale com ela” a cortina de flores e franjas douradas é aberta, revelando um espetáculo de Pina Bausch. Na plateia, dois homens estão sentados juntos por mero acaso, pois não se conhecem. Eles são benigno, um jovem enfermeiro, e Marco, um escritor de quarenta e poucos anos. No palco estão duas mulheres de olhos fechados e braços estendidos, movendo-se ao som de ‘The Fairy Queen’, de Henry Purcell. A apresentação é tão comovente que Marco se põe a chorar. Benigno vê o brilho de suas lágrimas na escuridão do teatro. Ele gostaria de dizer a Marco que também está comovido, mas falta-lhe coragem. Meses mais tarde, os dois voltam a se cruzar na clínica particular El bosque, onde Benigno trabalha. É que Lydia, a namorada de Marco e toureira profissional, foi ferida por um touro e está em coma. Por acaso, Benigno está cuidando de outra mulher também em coma, Alicia, uma jovem bailarina. Quando Benigno vê Marco passar em frente ao quarto de Alicia não pensa duas vezes e vai falar com ele. É o início de uma profunda amizade, tão linear quanto uma montanha russa.
“Cores de Almodóvar” já exibiu “Volver” e “Carne Trêmula”. A entrada é gratuita, por ordem de chegada, uma hora antes de cada sessão. (Carta Campinas com informações de divulgação)