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Romance narra passagem por Campinas das tropas que lutaram na Guerra do Paraguai

Na próxima terça-feira, 17, às 19h30, o jornalista Luiz Roberto Saviani Rey lança o romance Taunay em Campinas – O retiro antes da Laguna, na Livraria da Vila, no Shopping Galleria. O obra narra os 66 dias que as tropas brasileiras passaram na cidade durante a Guerra do Paraguai.

Capa do livro, que será lançado no dia 17 de dezembro.

A estada das tropas na região, que ocorreu entre abril e junho de 1865, teve como relator o escritor Alfredo Maria Adriano d’Escragnolle Taunay, mais conhecido como Visconde de Taunay, que lutou na guerra como engenheiro militar desde o seu início, em 1864, até o fim, em 1870.

Em 1869, ele lançou o livro A retirada da laguna, no qual ele conta detalhes da guerra entre o Paraguai e a Tríplice Aliança (Uruguai, Argentina e Brasil) e os problemas existentes durante o conflito. O Visconde de Taunay, aliás, serviu de inspiração para o título do livro, que é o terceiro escrito por Saviani.

Confira agora a entrevista concedida por Luiz Roberto Saviani Rey ao Carta Campinas:

Carta Campinas: Como surgiu a ideia de fazer um livro sobre esse tema?

Saviani: A ideia surgiu em 2006. Eu fazia uns roteiros de um programa de televisão na Bandeirantes, do Romeu Santini, sobre a história de Campinas. Um dia eu encanei com o Largo Santa Cruz porque tem uma placa que conta a história do Largo, que foi o primeiro pouso de tropeiros no caminho de Goiás. Descobri, por acaso, que na pedra que tem lá está escrito “heróis da Laguna” e aí descobri que os soldados que foram lutar pelo Franco Norte na Guerra do Paraguai, no outono de 1865, pararam 66 dias e ficaram acampados naquela praça. Eu fui me aprofundando na história e descobri uma frase do Visconde de Taunay, que na época era tenente – engenheiro do Exército e fazia parte dessa tropa, a “coluna”, que foi lutar na Laguna, e ele diz assim: “Ah, Campinas, aqueles dias em Campinas maravilhosos, cheios de jantares,” e a fui pesquisar e descobri que foi bem mais do que isso, que os “Barões do Café” quando viram aqueles soldados cheios de medalhas, filhos de gente influente e ligadas ao D. Pedro II, como o pai do Taunay, que foi professor do Pedro II, eles jogavam as filhas para namorar os soldados, fizeram muitos bailes, festas e esqueceram da guerra. Foi preciso os jornais do Rio de Janeiro cobrarem [essa paralisação das tropas]. Depois de 66 dias eles foram para Mogi Mirim, Uberaba e depois para a guerra. O meu livro retrata a parada das tropas da Laguna durante os 66 dias em Campinas. Uma Campinas nova, recém-emancipada da Vila de São Carlos, rica, com muitos solares, barões, estoques de sacas de café, mas suja, com problemas de inundação, buraco de rua, animal morto, lixo, falta de higiene, é um livro crítico também.

CC: Como foi feita a pesquisa? 

Saviani: Fiz algumas entrevistas com historiadores, arquitetos que estudaram o processo histórico e li muitos textos do Zé Roberto Amaral Lapa, Odilon Nogueira de Matos, documentos da Igreja Católica, porque o Visconde de Taunay – que na época ainda não era Visconde – se encantou com a Catedral de Campinas, que ainda estava em construção, achava aquela obra muito imponente, mandou várias cartas para o pai pedindo o apoio do Império para a catedral, li muitos livros de história da Guerra do Paraguai, pelo menos oito livros sobre a história do Paraguai e li uns 70 documentos históricos sobre Campinas.

As outras obras lançadas pelo jornalista são A Crônica é Jornalística e Brasileira (2007) e A maldição dos eternos domingos sem derby (2010).

CC: Quanto tempo duraram as pesquisas?

Saviani: As minhas pesquisas levaram praticamente seis meses e eu levei três meses para o processo de redação.

CC: Havia uma proposta de transformar a história desse livro em um roteiro de cinema, você pensa em fazer?

Saviani: Penso em fazer. A publicação do livro vai possibilitar a adaptação, ele já está meio roteirizado, é possível que ele vire um curta ou um longa metragem

CC: Quais são as diferenças entre escrever um romance sobre uma época que você não viveu e os outros livros que você escreveu, que tratam de temas mais atuais?

Saviani: Eu sempre fui ligado em literatura, fiz um ano de letras antes de fazer jornalismo. O processo é diferenciado, mas as coisas que eu escrevo não são romances ficcionais, são romances calcados em realidade, tem um eixo histórico por trás, é mais fácil de produzir se você segue a trajetória, o percurso de uma história. O meu livro didático é mais uma orientação para alunos de jornalismo sobre crônica, que é uma peça dificultosa, são processos diferentes.

CC: Atualmente, as pessoas estão se interessando em conhecer mais detalhes da história? 

Saviani: Muitas pessoas no início criticavam o Google e a internet. Paradoxalmente, a internet está levando as pessoas a ler, a pesquisar, buscar dados e isso é importante, porque está levando as pessoas a ver que o texto sempre será fundamental. (Deborah Duarte – Rede Carta Campinas)

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