O endividamento do setor público (governos federal, federal e prefeituras) pode chegar a 80% de tudo o que o país produz – Produto Interno Bruto (PIB) em 2018, segundo projeções divulgadas hoje (28) pelo Banco Central (BC).

O cenário é grave, segundo o chefe adjunto do Departamento de Estatísticas do do próprio Banco Central, Renato Baldini.

A dívida explodiu após a tomada de poder pelos apoiadores do golpe parlamentar de 2016. Nos últimos dois anos do governo Dilma Rousseff (PT), mesmo diante da crise internacional e com a ingovernabilidade gerada pelo boicote parlamentar liderado pelo ex-deputado, Eduardo Cunha (PMDB), a dívida bruta estava sendo controlada. Em 2014 foi de 57,2% o PIB, em 2015, 65,1% e em 2016, ano do golpe parlamentar, ficou em 66,2%. Nesse período, o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que está preso em Curitiba, aprovava as chamadas “pautas bomba”, aumentando os gastos do governo, para facilitar o golpe.

Os economistas da grande mídia avalizavam que a economia entraria no eixo com o golpe, mas afundou de vez mesmo com o governo Temer, com o apoio do PSDB e dos evangélicos conta com 2/3 do Congresso Nacional.

A projeção do BC para este ano é que a dívida fique em 76,1% do PIB. Elas indicam que a dívida bruta só deve ficar em 78% do PIB, no próximo ano, se o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) devolver R$ 130 bilhões ao Tesouro Nacional. Sem essa devolução, que está em negociação, a dívida poderá chegar a 79,8% do PIB.

Segundo o chefe adjunto do Departamento de Estatísticas do BC, Renato Baldini, a divulgação das duas projeções foi necessária porque a devolução dos recursos é “uma decisão política”, e não há como o Banco Central saber a probabilidade de acontecer. Ou seja, para melhorar a situação da dívida, o país terá de cortar R$ 130 bilhões em investimentos, que poderiam ser financiados pelo Banco.

Baldini afirmou que as agências de classificação de risco consideram o patamar de dívida bruta em 80% do PIB “referência” para indicar endividamento de países emergentes com crescimento insustentável. “É um valor arbitrário das agências, que não consideramos”, acrescentou.

Ele acrescentou que qualquer aumento da dívida para esses patamares tem “efeito ruim sobre a economia” e as “condições para a realização de negócios no país”. Baldini disse esperar por resultados melhores com o passar do tempo e assim a “avaliação das agências possa melhorar, e não piorar”. O economista tenta defender o governo Temer/PSDB implantado após o golpe: “O governo tem adotado algumas medidas para conter o crescimento da dívida, que visam à obtenção de superávits primários com o passar o tempo.”

Para fazer as projeções, o BC considera a meta de déficit primário de R$ 163,1 bilhões neste e no próximo ano. Segundo Baldini, se o déficit ficar abaixo dessa meta, a dívida poderá ser mais baixa. “Existe uma folga no cumprimento das metas”, disse.

A dívida bruta é um dos principais indicadores internacionais, acompanhados pelas agências de classificação de risco que, vale ressaltar, não são confiáveis e não previram a crise hipotecária dos Estados Unidos, em 2008.  No entanto, as notas dadas pelas agências representam uma medida de confiança dos investidores internacionais na economia de determinado país. As notas servem como referência para os juros dos títulos públicos, que representam o custo para o governo pegar dinheiro emprestado dos investidores. As agências também atribuem notas aos títulos que empresas emitem no mercado financeiro, avaliando a capacidade de as companhias honrarem os compromissos. As notas também são usadas para prejudicar governos que desagradam o mercado, ansioso por grandes lucros. (Carta Campinas com informações da Agência Brasil)