O desmatamento provocado pelo agronegócio no Pantanal tem um preço: mais de R$24 mil por hectare ao ano, segundo dados do pesquisador da Embrapa, André Steffens Moraes. Considerando que 18% da planície já foi desmatada – por conta da expansão de commodities, principalmente para produção extensiva de gado – o custo total é de R$19 milhões ao ano. Um valor que é pago por toda a população e que não é contabilizado na balança do setor.

“Isso é terrível porque estamos reduzindo a quantidade das populações animais e vegetais podendo haver um sério risco em extinções de espécies, com a perda da biodiversidade e ainda afetando processos que garantem a disponibilidade de água para as populações”, diz Júlio César Sampaio, coordenador do Programa Cerrado Pantanal do WWF-Brasil, durante evento realizado este mês de novembro em São Paulo.

Para a doutora em Direitos Humanos e Meio Ambiente, Marli Deon Sette, é preciso criar mecanismos para frear o corte de vegetação nativa. O Brasil também precisa criar mecanismos para remunerar os proprietários que preservem as riquezas naturais. “Temos que demonstrar que é economicamente mais vantajoso para os proprietários das terras manter a mata do que retirá-la. Um desses mecanismos deveria ser o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), bem como incentivar o uso inteligente do Pantanal com práticas como a pecuária tradicional, agricultura familiar não mecanizada e o turismo ecológico e rural”, afirmou Marli.

Para o coordenador do WWF-Brasil, é preciso entender que é mais rentável preservar que destruir: “o Pantanal fornece aproximadamente R$ 560 bilhões ao ano em serviços ambientais para todo o planeta.

O especialista em mudanças climáticas da Embrapa Pantanal, Iván Bergier, disse que as chuvas estão ficando cada vez mais extremas no Pantanal. “Chove mais em menos dias desde pelo menos 1926 até 2016. Isso pode ter relação com o aumento de temperatura do planeta induzida pela emissão antrópica de gases estufa”, afirmou durante o encontro.

*Dados de André Steffens Moraes