Brasília - Sessão para votação dos integrantes da comissão especial destinada a dar parecer sobre o pedido de impeachment da presidente Dilma. Com 39 integrantes, a chapa 2, venceu a votação (Wilson Dias/Agência Brasil)

O deputado campineiro Carlos Sampaio (PSDB) foi indicado em votação secreta para a comissão do impeachment de Dilma Rousseff (PT) por meio de uma manobra de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e com o apoio do PSDB, PPS e DEM, na noite de ontem (8/12) na Câmara Federal.

Essa nomeação do deputado campineiro poderia ser classificada da mesma forma com que Carlos Sampaio definiu o voto secreto na Câmara e no Senado: “uma excrescência inadmissível”. Ele aparece em fotos comemorando a votação secreta.

Mas Carlos Sampaio foi membro da Frente Parlamentar do Voto Aberto e fez um discurso enfático na Câmara a favor do Voto Aberto. Em vídeo, ele diz que o voto fechado (escondido, por debaixo do pano) é uma “excrescência inadmissível”. Agora, comemora sua nomeação em votação secreta.

Veja abaixo o vídeo de Carlos Sampaio e matéria do próprio site do PSDB

O líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP), voltou a comemorar a aprovação, pela Câmara, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que acaba com o voto secreto em todas as deliberações do Legislativo. Em entrevista nesta quinta-feira (5) à rádio Brasil Jovem Pan, de Campinas (SP), o tucano reforçou que a medida, se for também aprovada pelo Senado, passará a valer para todas as casas legislativas do País – Congresso Nacional, assembleias estaduais e câmaras municipais – “automaticamente”, sem necessidade de aprovação de legislação específica nos estados e municípios.

“Todas as casas terão de ter voto aberto em todas as discussões. Isso vai mudar, particularmente, a relação de representantes com representados. Os representados saberão como pensam e como votam seus representantes. Passa a haver uma relação de absoluta transparência”, disse Sampaio.

Ele voltou a criticar o voto secreto, contra o qual vem lutando desde que assumiu o primeiro mandato de deputado federal, em 2003. “O voto secreto é uma das maiores excrescências que existem no Parlamento brasileiro. Eu ingressei como deputado federal em 2003 e sempre integrei a frente nacional pelo voto aberto. Por uma questão bastante óbvia: se eu represento uma região e um Estado, não é possível que as pessoas que votaram em mim não saibam como eu voto nos momentos cruciais do país. Isso fere o princípio da transparência”, argumentou.

Ele lembrou que foi o único deputado a ingressar no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão da Câmara que, na semana passada, manteve o mandato do deputado Natan Donadon (sem partido-RO), condenado a mais de 13 anos de prisão por peculato e formação de quadrilha. “Foi uma vergonha o que aconteceu”, criticou. O ministro Luís Roberto Barroso concedeu liminar à ação de Sampaio e suspendeu a sessão que absolveu Donadon até o julgamento do mérito pelo STF.

Sampaio também voltou a cobrar postura dos parlamentares em relação aos “anseios da sociedade”. “Se a Câmara não ecoar toda a indignação da sociedade brasileira, de forma a mudar o estado de coisas, ela perdeu a razão de ser”, disse. (do site do PSDB, via Viomundo, que anota que o PT também defendeu votação secreta autorização da prisão de Delcídio do Amaral)