Sob protestos, Câmara vota pedido da extrema direita que ameaça mandato de vereadora por participar de flotilha

(foto reprodução)

A Câmara Municipal de Campinas vota nesta quarta-feira, 29 de outubro, em turno único, o pedido de abertura de processo que pode resultar na cassação do mandato da vereadora Mariana Conti (PSOL). A solicitação foi apresentada pelo vereador Nelson Hossri (PSD), parlamentar de extrema direita.

O pedido de instauração da Comissão Processante (CP) tem como base a participação de Mariana na Global Sumud Flotilla, missão humanitária internacional que tentou romper, por mar, o bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza para levar alimentos e medicamentos ao povo palestino.

A vereadora afirma ser vítima de “perseguição política inaceitável” e convoca a população a participar de um ato em defesa de seu mandato, marcado para as 17h30 na Câmara.

No requerimento, Hossri alega que a conduta de Mariana feriu o decoro parlamentar, citando declarações atribuídas ao governo israelense segundo as quais a flotilha teria vínculos com o Hamas e transportaria pouca ou nenhuma carga humanitária. O vereador também acusou Mariana de transformar a viagem em “espetáculo pessoal” e questionou seu afastamento do Legislativo por um mês.

Mariana rebate as acusações e afirma que sua participação na missão foi realizada com licença não remunerada devidamente aprovada pela Câmara. “É um pedido de cassação que não tem nenhuma base legal”, declarou.

Em 8 de outubro, após o protocolamento do pedido da CP, manifestantes já haviam realizado um ato na Câmara em solidariedade à vereadora e em defesa da causa palestina. Na ocasião, protestaram também contra ataques virtuais feitos por Hossri e pelo vereador Vini Oliveira (Cidadania). A Justiça determinou a remoção de um dos vídeos publicados por Vini, que continha informações falsas e associava a flotilha ao transporte de drogas.

Nas redes sociais, Mariana vem divulgando manifestações de apoio de diversas entidades e personalidades, como o padre Júlio Lancellotti, o Coletivo Vozes Judaicas por Libertação, a Rede Emancipa – Movimento Social de Educação Popular, Frente Palestina São Paulo e o professor e desembargador aposentado Souto Maior (USP). Um abaixo-assinado em defesa da vereadora já reunia 3.894 assinaturas até a noite de terça-feira (28/10).


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