
Um ato em defesa do mandato da vereadora Mariana Conti (PSOL) e em solidariedade à causa palestina e contra o genocídio em Gaza será realizado nesta quarta-feira, 8 de outubro, às 18h, na Câmara Municipal de Campinas. Mariana foi uma das integrantes da Global Sumud Flotilla, maior missão marítima humanitária e não violenta já realizada para tentar furar o cerco israelense e levar medicamentos e alimentos ao povo palestino sitiado.
A manifestação foi organizada após a divulgação nas redes sociais de ataques à parlamentar e da articulação de vereadores da extrema direita para abrir uma Comissão Processante na tentativa de cassação de seu mandato. O pedido já foi protocolado.
Entre as fake news divulgadas por Vini Oliveira (Cidadania) estão a de que os barcos da flotilha não levavam suprimentos, mas estavam carregados com drogas, e que a missão era usada pelo Hamas. “Nós temos uma vereadora aqui em Campinas que está fazendo turismo em Gaza e agora foi presa por Israel”, afirmou, dizendo que o objetivo da vereadora era “ganhar likes e seguidores”.
Em seu perfil no Instagram, Nelson Hossri (PSD), responsável por articular a Comissão Processante, disse que a parlamentar estava “lacrando em alto-mar” e que foi considerada “terrorista” pelo governo israelense e presa em uma “zona de guerra”, quebrando o decoro parlamentar. “Missão humanitária sem alimento, com prisão e deportação. O nome disso não é solidariedade, é marketing político mal feito”, afirmou.
Para participar da missão humanitária, Mariana Conti pediu uma licença não remunerada à Câmara e o sequestro dos ativistas da flotilha aconteceu em águas internacionais, sendo considerado ilegal por organismos e governos internacionais. A vereadora e outros 12 brasileiros que participavam da missão e haviam sido sequestrados pelas forças israelenses foram libertados na terça-feira, 7 de outubro, e deportados para a Jordânia, de onde seguirão para o Brasil.
Reação
Os parlamentares da oposição na Câmara Wagner Romão, Guida Calixto e Paolla Oliveira, do PT, e Fernanda Souto, do PSOL, reagiram às declarações de Vini Oliveira e Nelson Hossri, e defenderam a vereadora na tribuna da Câmara e em suas redes.
“A disseminação de mentiras e discursos de ódio não pode ser naturalizada dentro do poder público. Enquanto o mundo assiste horrorizado às consequências do bloqueio e da violência contra o povo palestino, alguns parlamentares preferem alimentar a desinformação e o preconceito”, afirmou Fernanda Souto.
Para Guida Calixto, os ataques não passam de calúnias: “A Flotilha da Liberdade levava ajuda humanitária e (os participantes) foram reprimidos e sequestrados pelo estado genocida de Israel, colocando centenas de militantes humanitários na prisão, sob tortura e péssimas condições”.
“Lamentável que vereadores de Campinas, ao invés de prestarem solidariedade ao povo palestino, estejam usando o sequestro da flotilla por Israel para atacar politicamente a vereadora Mariana com mentiras”, disse Paolla Oliveira.
Em vídeo gravado na Jordânia, Mariana Conti afirmou que está acompanhando a tentativa de cassação de seu mandato e convocou a população para o ato na Câmara: “Mentira e perseguições não nos intimidam. A extrema direita quer calar o meu mandato, usando como ‘justificativa’ a minha participação na Global Sumud Flotilla”.
Além do ato na Câmara de Campinas, um abaixo-assinado foi lançado em apoio à flotilha e à vereadora. Até o início da tarde desta quarta-feira (8/10), o documento já contava com 622 assinaturas.
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