Plano Cohen mostra que brasileiros são ludibriados com ‘ameaça comunista’ há quase 100 anos

(foto rs via fotos públicas)

Durante a votação do núcleo de comando da trama golpista que culminou no atentado de 8 de janeiro de 2023, orquestrado por militares e civis da extrema direita, o ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal), citou o Plano Cohen, que marcou a história brasileira durante a gestão de Getúlio Vargas, e o termo “quartelada”.

O Plano Cohen é o registro histórico que a população brasileira tem sido ludibriada com a ameaça comunista há quase 100 anos. O plano foi um documento divulgado pelo governo para a população brasileira em 1937, com supostas “instruções” da Internacional Comunista. Os documentos, como viria a ser descoberto, foram falsificados.

A forma mais eficiente que as elites de direita usam para ludibriar a população tem sido a produção de conteúdo falso que é atribuído ao possível ameaça comunista. Falsos documentos, falsas notícias, falsos atentados e outros que são tomados como verdadeiros pelos governos e reproduzidos pela mídia. E com isso, a elite mantém privilégios e desigualdade.

Os documentos do falso Plano Cohen revelavam a estratégia para instaurar o comunismo no Brasil. Com base nele, o presidente da época, Getúlio Vargas, pediu ao Congresso Nacional autorização para decretar estado de guerra por noventa dias.

O movimento deu início ao Estado Novo, golpe de Estado que impôs uma ditadura militar no país até 1945. A ação resultou em uma nova Constituição, criada ainda em 1937, e no fechamento do Congresso.

O termo “quartelada” é utilizado para se referir à tomada de um governo pela força militar. Ele se origina da palavra “quartel”, alojamento utilizado por militares como uma espécie de sede. Por esse motivo, os acampamentos golpistas de 8 de janeiro foram propositalmente instalados na frente de quartéis.

A estratégia tem sido a mesma há quase 100 anos, passando pelo golpe de 1964 com o falso atentado do Rio Centro. O método parece não falhar: divulgação de informações falsas sobre ‘ameaça comunista’ e, em seguida, o uso da força militar para manter os privilégios das elites.


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