O ex-deputado estadual Arthur do Val, conhecido como Mamãe Falei, foi derrotado na Justiça em uma ação que movia contra a vereadora de Campinas Mariana Conti (PSOL) na 2ª Vara do Juizado Especial Cível de São Paulo.
No processo, ele pedia uma indenização de R$ 50 mil, alegando ter sofrido danos morais por publicações nas redes sociais em que a parlamentar o chamava de explorador e turista sexual, contextualizando os motivos que o levaram a ter o mandato na Assembleia Legislativa de São Paulo cassado (leia abaixo). O pedido foi julgado improcedente pela juíza Gabriela Afonso Adamo Ohanian em sentença expedida no último dia 23.
Essas publicações foram feitas após Do Val tentar invadir, em maio de 2023, a Ocupação de Mulheres Maria Lúcia Petit Vive, que acolhe vítimas de violência em Campinas. Na ocasião, segundo Mariana Conti, ele xingou e ameaçou as integrantes do movimento. “Ele apareceu lá, com vários membros do MBL, gravando vídeos, incitando a violência e o ódio”, contou a vereadora ao comentar a decisão da Justiça. “Eu fui defender o movimento e falei umas verdades na cara dele.”
Ela lembrou que, na ocasião, Do Val chegou a ser levado à Delegacia da Mulher, onde foi registrado um boletim de ocorrência. “Lá, ele teve a pachorra de dizer que a polícia deveria me agredir”, lembrou.
Em trecho da sentença, a juíza afirma que “as críticas expressas, conquanto pouco cordiais, refletem divergências ideológicas legítimas, especialmente sobre temas como o direito de propriedade e sua função social – debates que, em uma sociedade democrática, devem ser tolerados e incentivados”.
Mariana Conti destacou que a derrota de Do Val na ação ocorreu na mesma semana em que o Movimento de Mulheres Olga Benário realizou uma nova ocupação e mais uma vez foi alvo de integrantes do MBL. “Foi uma vitória contra o Mamãe Falei e esses machistas do MBL”, disse.
“São fáceis, porque são pobres”, disse ex-deputado sobre refugiadas ucranianas em áudios que levaram à sua cassação
A cassação do mandato do ex-deputado estadual Arthur do Val foi aprovada pela Assembleia Legislativa de São Paulo em maio de 2022, após declarações misóginas feitas pelo parlamentar durante uma viagem à Ucrânia. Em áudios vazados, Do Val fez comentários ofensivos sobre mulheres ucranianas em meio ao contexto de guerra, classificando-as de forma sexualizada e desrespeitosa, resultando em um processo por quebra de decoro parlamentar. “São fáceis, porque elas são pobres”, disse em um dos trechos desses áudios. A cassação foi aprovada de forma unânime, com 73 votos favoráveis dos deputados presentes. Além de ser cassado, Do Val perdeu seus direitos políticos e se tornou inelegível por oito anos.
Discover more from Carta Campinas
Subscribe to get the latest posts sent to your email.
