
O Comitê Sônia Livre de Campinas, entidades do movimento negro, organizações populares, partidos e mandatos parlamentares organizaram uma caravana que partiu na manhã desta quarta-feira, 23 de julho, às 6h30 de Campinas rumo a Florianópolis. O objetivo é somar forças à vigília que acontecerá em frente ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina, nesta sexta-feira, 25 de julho.
O movimento foi criado em defesa de Sônia Maria de Jesus, uma mulher negra que viveu por mais de quatro décadas em situação análoga à escravidão em Florianópolis. Em 2022, aos 49 anos, Sônia foi resgatada após uma denúncia revelar que, desde os 9 anos, ela era mantida em cárcere privado, sem salário, sem acesso à educação, saúde ou liberdade de ir e vir. A família de Sônia soube sobre a sua situação após as denúncias anônimas. Sua mãe morreu antes mesmo de poder encontrar a filha. Ela é uma mulher negra, com deficiência auditiva e não conhece LIBRAS.
No entanto, o Tribunal da Justiça, “numa ação inédita e inescrupulosa, determinou em 2023, que Sônia fosse devolvida à família Borba, que a manteve na condição de trabalho análogo à escravidão e em condições extremamente precárias por mais de 40 anos. E o primeiro caso de “desresgate” no país”, anota o movimento em defesa de Sônia.
Devido ao absurdo da situação jurídica é que surgiu o movimento SONIA LIVRE, que demanda a liberdade de Sônia e seu reencontro com sua família verdadeira.
A ação faz parte da agenda do Julho das Pretas, mês de luta das mulheres negras por justiça, liberdade e dignidade. Regina, uma das integrantes a caravana e coordenadora das Promotoras Legais Populares (PLP) reforça a importância desse movimento quando nos lembra que “trabalho escravo não deveria existir, e sabemos que só existe porque poderosos se sentem no direito de escravizar e explorar pessoas trabalhadoras”.
A caravana saída de Campinas é formada por líderes comunitárias, militantes da causa feminista, membros de movimentos sociais e filhas de trabalhadoras domésticas que se sensibilizaram com a causa e demandam a liberdade de Sônia. Para Thamy do Mandela, uma das integrantes da caravana, lutar pela Liberdade de Sônia é uma missão de todos, não só da família dela, pois a luta por Sônia, é uma luta por todas nós.
“É inadmissível que nos dias de hoje a gente tenha uma mulher, uma irmã negra escravizada, sem nenhum direito básico garantido. Enquanto Sônia não for livre, nenhuma de nós é livre. A gente tem que lutar cada momento da nossa vida para que todas nós estejamos livres e que a escravidão nunca mais ocorra no nosso pais!”, afirmou e Viven, das PLP Campinas e participante da caravana
Campinas haverá também um ato pela liberdade de Sônia. Será também no dia 25/07 às 17h na praça da Catedral. (com informações de divulgação)

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