Mostra de Cinema Negro exibe documentário sobre crianças escravizadas em fazenda com símbolo nazista

A 20ª Mostra Internacional do Cinema Negro (Micine) segue neste mês de junho no Sesi Campinas Santos Dumont com a exibição de cinco filmes e documentários. A programação tem como tema “Cinema Negro – Vinte Anos de Questionamentos e Realizações” e oferece ao público uma janela para histórias que desafiam narrativas hegemônicas e celebram a resistência cultural. Os filmes serão exibidos sempre às quartas-feiras, às 20h, com entrada gratuita.

Entre os destaques, está o documentário “Menino 23 – Infâncias Perdidas no Brasil” (2016), dirigido por Belisario Franca, que revela um capítulo chocante da história brasileira: a descoberta de crianças negras escravizadas em uma fazenda, com símbolos nazistas, no interior de São Paulo, nos anos 1930.

As produções mostram ainda as trajetórias do cineasta Nelson Pereira dos Santos – que levou às telas temas como racismo, pobreza e injustiça social -, do abolicionista Luís Gama, de reitores afrodescendentes e da primeira travesti negra a conquistar o título de doutora no Brasil. Confira a programação abaixo. (Com informações de divulgação)

Serviço

Data: até 25/6
Horário: 20h
Local: teatro do Sesi Campinas Santos Dumont
Endereço: Av. Ary Rodriguez, 200, Campinas-SP
Ingressos: gratuitos, com reservas on-line

Programação

4 de junho | Menino 23 – Infâncias Perdidas no Brasil
Direção: Belisario Franca (Brasil, 2016, documentário, 80min)
A partir da descoberta de tijolos marcados com suásticas nazistas em uma fazenda no interior de São Paulo, o filme acompanha a investigação do historiador Sidney Aguilar sobre a história de cinquenta meninos negros e mulatos que foram levados de um orfanato no Rio de Janeiro para lá nos anos 1930. Na fazenda, passaram a ser identificados por números e foram submetidos ao trabalho escravo por uma família da elite política e econômica do país, e que não escondia sua simpatia pelo ideário nazista. Aos 83 anos, dois sobreviventes, Aloísio Silva (o “Menino 23”) e Argemiro Santos, assim como a família de José Alves de Almeida (o “Dois”), revelam suas histórias pela primeira vez.

11 de junho | Nelson Pereira dos Santos – Uma Vida de Cinema
Direção: Aída Marques e Ivelise Ferreira (Brasil, 2023, documentário, 102min)
Passeando pelas imagens de seus filmes – dentre os quais, obras-primas como “Rio 40 Graus”, “Vidas Secas” e “Memórias do Cárcere” –, o documentário rememora a trajetória pessoal de Nelson Pereira dos Santos, desde a década de 1950 até hoje, período de ampla atividade em que a vida deste cineasta se entrelaça com a própria história do país e do cinema brasileiro.

18 de junho | Negras Reitorias
Direção: Celso Luiz Prudente (Brasil, 2024, documentário, 75min)
A trajetória de reitores afrodescendentes nas universidades públicas federais é narrada em debates e rodas de conversas.

18 de junho | Megg – A Margem que Migra para o Centro
Direção: Larissa Nepomuceno (Brasil, 2018, documentário, 15min)
Megg Rayara derrubou barreiras para chegar onde chegou. Para ela, seu diploma é um marco importante de uma luta não só pessoal, mas coletiva. Pela primeira vez no Brasil, uma travesti negra conquista o título de doutora, fazendo a margem migrar para o centro, levando toda sua história consigo.

25 de junho | Doutor Gama
Direção: Jeferson De (Brasil, 2021, drama biográfico, 80min)
Baseado na vida do advogado e escritor abolicionista Luís Gama. Nascido livre, ele foi vendido aos 10 anos de idade como escravo para poder pagar as dívidas de seu pai. Mesmo com a vida de um homem escravizado, estudou e conseguiu se alfabetizar, conquistando sua própria liberdade. Tornou-se um dos advogados e pensadores mais respeitados de seu tempo e inspirou o país com seus ideais, textos e discursos.


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