Deborah Colker traz a Campinas ‘Sagração’, inspirado em Stravinsky, mitos ancestrais e na evolução da vida no planeta

(divulgação)

O palco do Teatro Municipal José de Castro Mendes, em Campinas, recebe nos dias 28 e 29 de junho o espetáculo “Sagração”, da Cia de Dança Deborah Colker. As apresentações acontecem no sábado, às 20h, e no domingo, às 18h, com ingressos já disponíveis.

Na montagem, Deborah Colker revisita o clássico “A Sagração da Primavera”, do compositor russo Igor Stravinsky, e propõe uma releitura em que a música erudita se mistura a ritmos brasileiros e a narrativas ancestrais sobre a origem do mundo.

O espetáculo surge como resultado de um processo criativo que durou mais de dois anos e meio. “Quando decidi recontar esse clássico, sabia que ele precisava ser visto pela lente dos povos originários do Brasil”, afirma a coreógrafa. A busca pela essência dessa releitura levou a artista até o Xingu,  durante o Kuarup, onde conheceu de perto as tradições dos povos Kalapalo e Kuikuro, e de onde trouxe histórias, símbolos e inspiração.

Uma dessas histórias — sobre como o fogo chegou à humanidade, trazido pelo Urubu Rei — ganha vida no palco com narração do cineasta indígena Takumã Kuikuro, e integra a coleção de cosmogonias que estruturam a dramaturgia do espetáculo.

Além das referências indígenas, Deborah também mergulhou em mitologias da tradição judaico-cristã. “Tudo só poderia ter começado com uma mulher. Uma avó. A avó do mundo”, diz. As figuras de Eva, da serpente e de Abraão surgem no espetáculo como alegorias dos processos de ruptura e transformação que marcam a trajetória da humanidade.

A montagem bebeu ainda na fonte da literatura científica, na evolução da espécie humana. “A versão mais recente da nossa espécie é a Homo sapiens, que, assim como outros seres, precisa se adaptar constantemente”, pontua Deborah, destacando a presença de personagens que representam bactérias, herbívoros e quadrúpedes no espetáculo. 

Essa costura entre ciência, mito e poesia aparece também na trilha sonora. A música original de Stravinsky é enriquecida com sonoridades das florestas e ritmos brasileiros, como boi-bumbá, coco, afoxé e samba. Instrumentos como maracás, caxixis, tambores e paus de chuva se somam às linhas da orquestra, em arranjos criados pelo diretor musical Alexandre Elias e executados ao vivo pelos próprios bailarinos.

A cenografia, assinada por Gringo Cardia, é outro espetáculo à parte: cerca de 170 bambus com quatro metros de altura ocupam o palco, criando um ambiente que evoca resistência, transformação e flexibilidade — conceitos que atravessam tanto o enredo quanto o próprio fazer artístico da companhia.

O espetáculo é o último de uma trilogia que explora diferentes aspectos da experiência humana, iniciada em 2017 com “Cão sem Plumas”, baseado no poema homônimo de João Cabral de Melo Neto,  e composta também por “Cura”, de 2021, que coloca em cena fé e ciência.

Fundada em 1994, a Cia de Dança Deborah Colker soma mais de 2 mil apresentações em 35 países, sendo uma das companhias brasileiras mais reconhecidas no mundo. “Chegamos até aqui porque temos este espírito de evolução, que é um tema muito precioso para o novo espetáculo”, ressalta o diretor executivo e cofundador do grupo, João Elias. (Com informações de divulgação)

Serviço

Data: 28 e 29/6 (sábado e domingo)
Horário: 20h (sábado) e 18h (domingo)
Local: Teatro Municipal José de Castro Mendes
Endereço: Praça Corrêa de Lemos, s/nº, Vila Industrial, Campinas-SP
Ingressos: entre R$ 25,00 e R$ 140,00 à venda pela plataforma Sympla


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