Eleição para o Camprev é suspensa após denúncias de erros na emissão de comprovantes de votação

(foto: arquivo/pmc)

As eleições para o Conselho Deliberativo do Camprev, o instituto de previdência dos servidores públicos municipais de Campinas, foram suspensas nesta quarta-feira (29) após diversas denúncias de irregularidade. Pela primeira vez, a votação seria realizada de forma on-line. Servidores que votaram afirmam que tiveram comprovantes emitidos com erros, constando nome e CPF diferentes de seus dados.

De acordo com informações do Camprev, “a medida foi necessária devido a uma instabilidade no sistema, que afetou a exibição do nome do eleitor no comprovante de votação” e que a Informática dos Municípios Associada (IMA), responsável pelo sistema, já está corrigindo o problema. Segundo o órgão, os votos de hoje serão invalidados e a votação será retomada nesta sexta-feira (31).

A vereadora Guida Calixto (PT) criticou o processo de votação. Em suas redes sociais, afirmou que não havia informações claras de como seria a eleição de forma remota e a apuração dos resultados. Citou que já teria alertado sobre esta insegurança, inclusive expressando essas preocupações em uma ação, via judicial.

Ela, que é servidora municipal e contribui ao Camprev como monitora de educação infantil, afirmou que, ao tentar votar, por volta das 9h de ontem, recebeu um comprovante informando que no momento não existia nenhuma votação em andamento. No documento, constava o horário de 14h49. “Não dá para admitir que essa Administração, que esse governo continue fazendo essa farra que tem feito com o nosso instituto de previdência”, disse.

A vereadora Mariana Conti (PSOL) afirmou que “a aposentadoria dos servidores públicos tem sido atacada sistematicamente pelo governo de Dário Saadi”. “No ano passado, no apagar das luzes, a prefeitura aprovou uma lei que retirou dos servidores o direito de escolha de representantes para o conselho deliberativo do órgão, aumentando o controle de indicados do prefeito sobre o Camprev”, destacou.

Guida Calixto também criticou a lei que mudou a composição do Camprev. “Estamos acompanhando os vários escândalos que envolvem o instituto de previdência, desde a suposta tentativa de direcionamento de licitação, a queda do secretário e, agora, essa eleição. O prefeito aprovou um projeto de lei que tirou o direito do servidor escolher os seus diretores, quem ele quer que o represente e hoje mais um escândalo”, disse.

Entenda

O projeto do prefeito Dário Saadi (Republicanos) que altera a participação de servidores públicos nas decisões sobre o Camprev foi aprovado em 11 de dezembro, na última reunião extraordinária da Câmara de Campinas do ano passado, com 23 votos da base governista e seis contrários. Votaram contra Mariana Conti e Paulo Bufalo, do PSOL; Guida Calixto, Cecílio Santos e Paolla Miguel, do PT, e Gustavo Petta, do PCdoB.

Antes da aprovação, eram 25 membros no conselho, 18 eleitos por votação dos funcionários públicos municipais e sete indicados. Agora, com a mudança, o número de membros passou para 30, 13 eleitos e 17 indicados.

Dias depois, o Ministério Público de São Paulo pediu à Justiça a condenação do então presidente do instituto, Marionaldo Fernandes Maciel, por improbidade administrativa. Segundo a ação da Promotoria, ele direcionou e fraudou uma licitação, em 2023, para a contratação de serviços de informática, com prejuízo de mais de R$ 2 milhões aos cofres públicos. A acusação levou à exoneração de Maciel do cargo, em 19 de dezembro.