(foto: adriana villar)

Os muros do Conjunto Arquitetônico Solar do Barão de Itapura, no Centro de Campinas, ganharam um novo colorido com um mural pintado pelas artistas urbanas Ana Mercúrio, Mari Junqueira e Renata Lembo. Conhecido como Pátio dos Leões, foi no imóvel histórico que nasceu a PUC-Campinas. Até 2015, sediou um dos campi da universidade, com dezenas de cursos, e agora passa por um processo de restauro para abrigar um centro cultural e museológico.

A obra, realizada dentro do Projeto Colheita, remete à memória da cidade, especialmente ao ciclo do café, que marcou os capítulos da história de Campinas no século XIX. É a primeira iniciativa da agenda de ocupação do prédio, que sediará cantatas de Natal este ano. As próximas apresentações serão nesta quarta-feira (27) e nos dias 2 e 17 de dezembro, sempre às 19h.

A pintura foi realizada em spray e tinta acrílica no muro externo voltado para a Avenida Francisco Glicério, uma das principais e mais movimentadas da cidade, e para a esquina com a Rua Marechal Deodoro, onde fica a entrada do Pátio dos Leões. As cenas retratam ramos de café, plantio e colheita do grão, e trazem ainda a diversidade da fauna brasileira, com pássaros e outros animais, como uma jaguatirica e capivaras.

Quando recuperado, o solar do Barão abrigará acervos artísticos, exposições itinerantes, oficinas culturais, cursos de formação na área das artes e de empreendedorismo cultural, além de programas educativos voltados a crianças e jovens de escolas públicas em situação de vulnerabilidade. A revitalização começou em setembro passado e a previsão é que seja concluída em quatro anos.

Memória

O palacete começou a ser construído em 1880 para ser a residência de Joaquim Policarpo Aranha (1809-1902), dono de várias fazendas de café e que foi também vereador de Campinas. No mesmo ano em que o imóvel ficou pronto, 1883, Aranha recebeu o título de Barão de Itapura. Obra do construtor Luiggi Pucci, o prédio tem estilo renascentista italiano e foi projetado com 227 cômodos. A construção inovou na época por usar tijolos ao invés da técnica de taipa de pilão.

Com a morte do barão, em 1902, e da baronesa, em 1921, o solar foi herdado pela filha Izolethe de Souza Aranha. Nos anos 1930, foi alugado para Arquidiocese de Campinas e na década seguinte, transferido para a Sociedade Campineira de Educação e Instrução, mantenedora da PUC-Campinas, para ser ocupado pela Faculdade de Ciências, Filosofia e Letras.

Duas esculturas de leões, originais, ornamentam os pilares do portão de ferro que se abre para o pátio do antigo palacete, patrimônio histórico e cultural do estado de São Paulo desde 1983 e tombado também como patrimônio de Campinas em 1988.