(foto: divulgação)

Outubro é o mês de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil desde 1930. Mas a relação do país com Nossa Senhora é bem anterior. Começa em 1717 e, ao longo do tempo, a devoção foi crescendo e passou a uma presença marcante na cultura popular. “É uma das figuras religiosas mais adoradas e representadas artisticamente”, comenta Camila Gomes Fantini, idealizadora do projeto Imaterial Artesanato Brasileiro. Referências à Nossa Senhora Aparecida estão presentes na literatura e na música. No artesanato, as imagens de Nossa Senhora são confeccionadas em uma variedade de materiais.

Em palha de milho crioulo, estilizadas em cerâmica, madeira e até mesmo em metal, as diferentes representações refletem a riqueza do artesanato nacional. “O Brasil é um país com uma religiosidade muito forte e com um sincretismo religioso. Temos uma diversidade de crenças muito rica e nosso artesanato reflete isso”, analisa Camila, que trabalha com curadoria de artesanato tradicional.

Nas mãos da artesã Alice de Oliveira, natural de Guapiara, interior de São Paulo, palhas de milho crioulo se transformam em orixás, preto-velhos e imagens de santos católicos. Com trabalhos premiados em edições do Salão de Arte Popular Religiosa, que acontece na Fenearte, em Pernambuco, a imagem de Nossa Senhora Aparecida foi uma das finalistas em 2024. A técnica que utiliza é passada de geração em geração, assim como o cultivo do milho crioulo. Mestra Alice recebeu esse título pelo Programa do
Artesanato Brasileiro.

Feita em cerâmica, a Nossa Senhora Aparecida criada por Maria Tereza de Almeida Rossin traz leveza. A representação do sagrado no trabalho da artesã de Campinas (SP) se dá com a criação de peças estilizadas e vazadas, confeccionadas em terracota. Com uma forte ligação pessoal com as figuras religiosas, Maria Tereza passou do trabalho tridimensional em cerâmica para a representação vazada a partir da inspiração das aquarelas estilizadas pintadas pelo marido, Oscar Rossin.

A representação de Nossa Senhora ganha outros contornos e coloridos nas mãos de Patrícia Barros, de Recife (PE), que tem no metal sua matéria-prima, totalmente trabalhado à mão. Também de Pernambuco, mas do Vale do Catimbau – região que abriga o segundo maior parque arqueológico do país, com suas pinturas rupestres e formações rochosas -, Simone Souza esculpe em madeira a imagem de Nossa Senhora Aparecida.

Madeira também é a matéria-prima de Eugênio Ribeiro, de Juazeiro do Norte (CE), e as imagens em pedra sabão, material tão marcante em Ouro Preto (MG), da artesã Marta e seu filho, Wendell, integram a curadoria da Imaterial Artesanato Brasileiro.

A variedade de técnicas, materiais e dos símbolos que são representados são marcantes no artesanato brasileiro. “O artesanato reflete a identidade do nosso povo, reflete os hábitos, as crenças e a cultura de um povo. E o artesanato religioso é um viés disso, que reflete toda a diversidade de crenças religiosas do povo brasileiro”, afirma Camila Gomes. (com informações de divulgação)