A professora e pesquisadora Larissa Meis Bombardi, que lançou em Campinas o livro Agrotóxicos e colonialismo químico’, da editora Elefante, afirmou durante evento na ADunicamp que dos 10 agrotóxicos mais usados no Brasil, 5 são proibidos na Europa. Ela lembra que União Europeia já baniu 260 substâncias usados na lavoura enquanto o resto do mundo baniu apenas 30.
Ela também informou que nos últimos 10 anos o Brasil aumentou o consumo de agrotóxico em 78% enquanto a Europa promoveu uma redução redução de 3%. Segundo ela, esses dados ajudam a entender o termo “colonialismo químico”, que ela usa no livro. Para ela, as mesmas diferenças e contradições das sociedades durante o período clássico do colonialismo europeu se repete com o veneno usado na agricultura.
Na contradição do capitalismo contemporâneo, “a gente tem alta tecnologia na agricultura, temos as moléculas dos agrotóxicos, as sementes transgênicas e a gente tem o trabalho análogo à escravidão”, afirmou. (Veja vídeo abaixo)
Larissa ficou nacionalmente conhecida quando teve de sair do Brasil por causas de ameaças durante o governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro (PL). As ameaças começaram por causa da sua pesquisa, com o lançamento na Europa da versão em inglês do seu atlas Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia.
O Brasil é o maior consumidor mundial agrotóxicos, com mais de 700 mil toneladas por ano. O livro compila dados alarmantes que nos permitem começar a compreender a gravidade do problema representado pelo uso massivo de herbicidas, pesticidas e fungicidas para a saúde humana e para o meio ambiente, uma consequência direta da globalização da agricultura, da concentração fundiária brasileira e da onipresença do agronegócio no país.