Mais do que o uso do Estado brasileiro para o interesse privado da família de Jair Bolsonaro para livrar o filho de um processo de corrupção, o áudio liberado do sigilo pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, mostra que as advogadas de Flávio Bolsonaro tinham a certeza de sua condenação.
Durante a reunião gravada, as advogadas de Flávio, Juliana Bierrenbach e Luciana Pires, discutiram formas de obter informações sobre a investigação na Receita Federal e no Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). A ideia das advogadas era arrumar uma brecha, um possível erro técnico ou jurídico na investigação, como única forma de livrar Flávio Bolsonaro das inúmeras provas encontradas que mostram que ele teria se apropriado de parte do salário de servidores de seu gabinete, no que ficou conhecido como o escândalo das ‘rachadinhas’.
Gravações reveladas nesta segunda-feira, 15, mostram a advogada Luciana Pires afirmando que o melhor caminho para Flávio Bolsonaro enfrentar as acusações no caso das ‘rachadinhas’ seria o “processual”. “O caminho tem que ser processual, tá? Materialmente é muito ruim. A história é ruim.” Em resumo, a advogada reconhece que não há como defender que Flávio Bolsonaro seria inocente, diante da quantidade de provas contra ele. Luciana Pires disse ainda: “Entrar no mérito se fez, não fez, entendeu? Não é bom”. Ou seja, não é bom para a defesa e ele será condenado.
Com a condenação evidente segundo as advogadas, na conversa gravada elas buscaram uma forma de anular a investigação e sugerem que o trabalho poderia ser feito pelo Serpro. Juliana Bierrenbach: “Então, o que eu tenho? Eu não tenho uma prova de que foi feito isso com o Flávio”. Em seguida, Luciana Pires afirma: “A gente quer essa prova”.
Após Juliana sugerir o acionamento do Serpro, Bolsonaro disse que iria falar com Gustavo Canuto, então presidente da Dataprev, empresa pública de dados. “Eu falo com o Canuto. Agora, isso aí eu falo com o Flávio, então. Qualquer hora do dia amanhã”. Ramagem concorda com a fala com do ex-presidente: “fala com o Canuto para saber do Serpro, tá”. Em seguida, Bolsonaro completa: “ninguém gosta de tráfico de influência. A gente quer fazer [inaudível]”. (com informações da Agência Brasil)