1974-2024. 50 anos das filmagens de Cristais de Sangue. Inacessível há mais de duas décadas – quando houve a última sessão pública do filme – o evento “Luna Alkalay – Fatasias do Real” irá celebrar na Unicamp o restauro e digitalização da obra através de sessão seguida de debate, que celebra a trajetória cinematográfica de Luna Alkalay. Além do filme Cristais de Sangue, será exibido um documentário que homenageia os 50 anos das filmagens (Cristais de Sangue 1974- 2024, Felipe Abramovictz, 2024) e o curta Sangria (Luna Alkalay, 1972). Na ocasião, será distribuído ao público o material gráfico/HQ criada por Rogério Duarte para o lançamento
Nascida em Milão, aproximou-se do cinema em 1968, quando acompanhou as filmagens de Um Clássico, Dois Em Casa, Nenhum Jogo Fora, de Djalma Limongi Batista, enquanto cursava filosofia na USP. Ao lado de Aloysio Raulino, entre 1970 e 1971, realizou os curtas Lacrimosa, Arrasta a Bandeira Colorida e Jardim Nova Bahia (1971) e, como atriz, participou de Pra Frente, Brasil (1970), de Plácido de Campos Jr. e Sem Saída (1971), de Agnaldo Siri Azevedo. Em 1972, realizou o curta Sangria – raríssimas vezes exibido – que conta com Fernando Peixoto, Selma Egrei, Emmanuel Cavalcanti e Jofre Soares no elenco.
Cristais de Sangue, seu primeiro longa-metragem, realizado na Chapada Diamantina, faz com que se aproxime da Bahia, onde mais tarde realizou curtas ao lado de André Luiz Oliveira, como Dia de Vaquejada (1976). No mesmo período, integrou a equipe de Roças (1975), de Rogério Corrêa, Trem Fantasma (1977), de Alain Fresnot, Tem Coca Cola no Vatapá (1976), de Pedro Farkas e Rogério Corrêa, entre outros.
Após um período de autoexílio em Portugal, entre os anos 1980 e 2000, Luna produziu o Projeto Mensagem, de André Luiz Oliveira a partir da poesia de Fernando Pessoa, colaborou no roteiro de Louco Por Cinema (1994) e atuou como produtora em inúmeros projetos. O longa Estados Unidos do Brasil (2004-2005) marca sua volta à direção. Na obra, a questão da identidade pessoal e nacional é refletida através da entrevista de três jovens da periferia de São Paulo que trabalham como covers. Recentemente, lançou o livro Minha Mãe Inventada (2023) e finaliza dois novos longas-metragens, com estreia prevista para 2024.
“A recuperação do Cristais de Sangue, meu primeiro longa-metragem, é a realização de um desejo, mas acima de tudo é a vontade de homenagear amigos queridos que participaram dessa aventura no interior da Bahia, em Mucugê, na Chapada Diamantina em 1975. Ter de volta a deslumbrante fotografia do Aloysio Raulino, a montagem do Plácido de Campos Jr, as interpretações de Rui Polanah, Fernando Peixoto, Emmanuel Cavalcanti, Tuna Espinheira, que já nos deixaram, possibilitará aos que assistirem à cópia digitalizada, confirmar, mais uma vez o imenso talento dessa turma que o filme reuniu em um momento único de coragem e criatividade. Ver Salma Buzzar, Cláudia Mello, o povo e os coronéis da Chapada, nessa saga encantada de fantasia faz com que o esforço do Felipe Abramovictz seja recompensado. Ele foi o primeiro a acreditar e me convenceu. E agora estamos perto de realizar façanha, por décadas adiada, de trazer de volta à superfície os Cristais por tanto tempo enterrados”, anotou a cineasta.
Serviço:
LUNA ALKALAY – FANTASIAS DO REAL
21/05/2024 às 14h
Auditório da ADunicamp
Endereço: Av. Érico Veríssimo, 1479 – Cidade Universitária, Campinas – SP, 13083-851
Telefone: (19) 3521-2470
PROGRAMAÇÃO
Cristais de Sangue 1974-2024 (2024, 12 min., Felipe Abramovictz)
Sangria (1972, 12 min., Luna Alkalay)
Cristais de Sangue (1974-1975, 83 min., Luna Alkalay)
Sessão seguida de bate-papo com Luna Alkalay e Felipe Abramovictz.