Arthur Romeu, diretor do escritório da Repórteres Sem Fronteiras para a América Latina, entidade que divulgou a melhora do Brasil no ranking de liberdade de imprensa após a derrota da extrema direita nas eleições de 2022, citou a concentração de mídia no Brasil como um dos fatores que impedem maior avanço da liberdade de imprensa.
Ele diz que o Brasil estruturalmente mantém concentração midiática na mão de poucos grupos, e que os problemas econômicos deixam o setor mais vulnerável. “Isso se reflete na capacidade de ingerência ou de pressão sobre os veículos”, observa. Uma pressão que vem de agentes econômicos (o chamado ‘mercado’) como anunciantes, que exercem ação sobre as linhas editoriais dos veículos. O jornalista Paulo Henrique Amorim chegou a difundir um termo muito divulgado nas últimas décadas que classificava a concentração de mídia brasileira de PIG (Partido da Imprensa Golpista), por estarem sempre apoiando golpes contra a democracia. A concentração de mídia no Brasil tem um caráter quase que totalitária.
Aliás, a mídia hereditária brasileira que concentra a radiodifusão força editorialmente os governos a cumprirem a cartilha do mercado, impedindo melhoras nas condições de vida da população e a independência dos governos democraticamente eleitos. Qualquer medida que não beneficie o mercado e seus acionistas é atacada diuturnamente.
Outro ponto negativo que foi levado em conta no relatório tem relação com a percepção de insegurança. “O Brasil é o segundo país da América Latina com o maior número de jornalistas assassinados e com uma cadeia de violências muito ampla. São ameaças, perseguições, assédio oficial e moral e agressões físicas, por exemplo.” Nesse sentido, a violência contra a imprensa se traduz na consolidação de um ambiente mais desfavorável para a profissão.
Outra questão central, diz Artur Romeu, é a necessidade de regulação das plataformas digitais para garantia da integridade informativa, em um cenário de desinformação. A extrema direita continua atuando nas redes e no Congresso brasileiros para impedir a regulação e difundido notícias falsas e criminosas sem punição e controle. “O canal de distribuição não é mais a banca de jornal na esquina. As grandes plataformas operam ainda no Brasil num cenário ainda marcado por um processo de, supostamente, autorregulação. (com informações da agência brasil)