Cena de “Amazônia e Rio Exposição de 1922” (foto: reprodução)

Pela primeira vez em sua história, a Cinemateca Brasileira recuperou, catalogou e digitalizou 1.893 filmes de sua coleção em nitrato de celulose, parcela mais frágil do acervo da instituição e que reúne os mais antigos títulos da cinematografia brasileira. Algumas das obras, registros históricos do Brasil entre as décadas 1900 e 1950, estão disponíveis gratuitamente no Banco de Conteúdos Culturais (BCC) e no site da Cinemateca Brasileira.

A coleção é formada por títulos sobreviventes vindos de arquivos e cinematecas de todo o país. Entre as obras recuperadas, estão raridades, como “Barulho na Universidade” (1943), filme de Watson Macedo dado como perdido; “Cerimônias e Festa da Igreja em S. Maria”, documentário mais antigo do acervo, filmado em 1909; “Apuros de Genésio”, filme de 1940 que será exibido no Festival de Filmes Silenciosos de Pordenone, em outubro, e “Amazônia e Rio Exposição de 1922”, uma compilação de imagens feitas por Silvino Santos entre 1919 e 1926 na região Norte do país e na então Capital federal. Importante para a compreensão dos primórdios da cultura cinematográfica brasileira, a obra de Silvino Santos ganhou destaque recentemente com a redescoberta do seu primeiro longa, “Amazonas, o Maior Rio do Mundo” (1918-1920).

As películas em nitrato de celulose, usadas nos primeiros anos da indústria cinematográfica, são materiais extremamente delicados e que podem entrar em autocombustão. Foram eles os responsáveis por quatro incêndios da história da Cinemateca: 1957, 1969, 1982 e 2016.

A recuperação dessa coleção de filmes tem sido uma das principais frentes de trabalho da instituição desde sua reabertura, em 2022. Para essa iniciativa, foram contratados 30 pesquisadores e técnicos de preservação e documentação de todo o país, que trabalharam por dois anos, recuperando 3.392 rolos de filmes – cinejornais, documentários, filmes de ficção, domésticos e publicidade. A maioria dos integrantes dessa equipe foi incorporada ao quadro de funcionários da instituição.

Viva Cinemateca

A iniciativa integra o Viva Cinemateca, lançado em junho de 2023 e que reúne projetos voltados à preservação de acervos, modernização de sua sede e infraestrutura técnica. Por meio da Lei de Incentivo à Cultura, o projeto, de cerca de R$ 15 milhões, conta com o patrocínio do Instituto Cultural Vale, com o patrocínio master da Shell e copatrocínio do Itaú Unibanco.

Ao longo de sua realização, o Viva Cinemateca incluiu ações educativas e de difusão, como a mostra de cinema e a exposição “A Cinemateca é Brasileira”, que percorreram 15 cidades de todas as regiões do país; o Festival Cultura e Sustentabilidade; as mostras Povos Originários da América Latina” e “Mulheres Pioneiras do Cinema”, e cursos de formação técnica e cultural gratuitos, em formatos presencial e on-line, com transmissão ao vivo pelo canal da instituição no YouTube.

(com informações de divulgação)