A Refinaria da Amazônia (Ream), que completou um ano de privatização, já fez com que os consumidores da região Norte pagassem R$ 154,6 milhões a mais pela gasolina mais cara do Brasil. A Ream fornece gasolina para as distribuidoras que atendem os estados do Amazonas, Pará, Amapá, Rondônia, Acre e Roraima, localidades que figuram entre os maiores preços de gasolina do país.
Nesses 12 meses sob gestão privada do grupo Atem, a refinaria localizada em Manaus (AM) vendeu 831,2 mil m³ de gasolina e cobrou pelo litro quase 7%, em média, a mais do que a Petrobrás.
Com o valor excedido daria para comprar 27,5 milhões de litros de gasolina nos postos de combustíveis, ao preço médio de R$ 5,62 o litro, ou 1,5 milhão de botijões de gás de cozinha de 13 quilos, ao preço médio de R$ 103,32 a unidade, aponta o Observatório Social do Petróleo (OSP), entidade responsável pelo levantamento. Os dados são baseados em informações divulgadas pela Ream, Petrobrás e Agência Nacional do Petróleo (ANP).
A maior despesa mensal, de acordo com o levantamento, foi registrada em agosto passado, quando a diferença de preço entre a gasolina da refinaria privatizada e a da Petrobrás chegou a R$ 0,53. Nesse mês, a Ream comercializou 63 mil m³.
“Por conta da privatização, a população do Norte, cuja maior parte da região é abastecida pela refinaria privatizada, teve que desembolsar em agosto R$ 33,6 milhões a mais para comprar gasolina”, afirma o economista Eric Gil Dantas, do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps).
Nesse período de um ano de privatização, a Ream cobrou pela gasolina 4,6%, em média, mais caro do que as outras refinarias privadas. O litro vendido pela unidade amazonense custou 3,9% acima do vendido pela Refinaria de Mataripe, na Bahia, e 4,8% a mais do preço praticado na Refinaria Potiguar Clara Camarão (RPCC), no Rio Grande do Norte.
Para o diretor da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e do Sindipetro PA/AM/MA/AP, Bruno Terribas, é angustiante o que a população do Norte está passando com os preços abusivos, consequentes da privatização da Ream. “Já sofremos diversas violências decorrentes da concentração de renda no Sudeste do país e, com a privatização, o cenário só piora. Apesar de termos no Norte uma grande reserva de petróleo e gás, que é o Polo Urucu, que escapou de ter sido vendido pelo ex-governo, pagamos os preços mais altos do Brasil. Por isso falamos de reestatização, porque a Petrobrás estatal significa mais dignidade e condições de vida para o nortista”, comenta o dirigente. (Com informações de divulgação)