(foto karthik-balakrishnan – upl)

Millennials, ou seja, pessoas que nasceram entre 1981 e 1996, são a primeira geração que viveu sua vida adulta e parte da juventude sob um mundo amplamente digitalizado. Assim, produtos como o cripto cassino ou infinitos outros oferecidos em plataformas digitais não são mais novidade para ninguém. Assim sendo, não seria novidade ver que são esses sujeitos e a geração que a sucede (a geração Z) que mais está propensa a investir nas criptomoedas. Contudo, há nuances a serem consideradas.

Em maio de 2023, foi divulgado um estudo conduzido pela corretora Bitget que confirma essa tendência. O estudo foi conduzido por meio de questionário, distribuído a cerca de 255 mil pessoas em 26 países diferentes. Dentre os países contemplados, há mercados importantes para criptos ao redor do mundo, como Coreia do Sul, Japão, Alemanha, Estados Unidos e, claro, do Brasil. 

O estudo mostrou que entre os millenials existe a maior concentração de entusiastas das criptomoedas. Entre eles, houve 46% de aceitação. É preciso sublinhar que para participar da pesquisa, era necessário que a pessoa entrevistada tivesse adquirido pelo menos alguma criptomoeda recentemente, ou que ainda estivesse em posse dela.

Cabe também acrescentar que millennials representam aproximadamente 31% da população mundial. Isso é importante para se considerar o potencial, do ponto de vista demográfico, de abrangência das criptomoedas nos próximos anos.

Millennials,criptomoedas e o Brasil

O estudo recebeu respostas de aproximadamente 9,7 mil pessoas do Brasil. De acordo com dados do IBGE, no último censo, pessoas dessa faixa etária constituem a média do perfil etário brasileiro. Atualmente, existe uma predominância de jovens adultos e adultos no país, que até a década de 1990, por exemplo, era predominantemente de jovens. 

Assim como nos demais países ouvidos, a tendência aqui é de uma visão positiva das criptomoedas entre millennials no Brasil. 

A pesquisa aponta para diversos fatores que fazem com que essa faixa etária tenha uma baixa rejeição a criptomoedas. A corretora que divulgou a pesquisa apontou para quatro razões para isso, que são:

  • Familiaridade com a internet: millennials têm contato com a internet desde muito jovens ou já são nativos digitais. Assim, muitas desconfianças com operações e transações na grande rede não geram temores nos millennials tal como geram nas que lhes são anteriores.
  • Ceticismo em relação às instituições bancárias tradicionais: em países como o Brasil, millennials podem ter memória (vagas, de infância, ou mediada por pais) de quadros como de hiperinflação ou de grandes crises como as que tivemos até os anos 1990. Mas o fato mais determinante é que millennials tiveram em seus períodos de formação a crise de 2008, que teve o mercado financeiro e os bancos no centro. Assim, para os millennials, essas instituições trazem imagens totalmente negativas.
  • Idade de constituir investimentos: há também o fato de que millennials, que tem em 2023 idades entre 27 e 42 anos, já procuram fazer investimentos. Gerações posteriores ainda dependem dos pais, enquanto as anteriores já têm perfis mais tradicionais, como produtos bancários.
  • Curiosidade tecnológica: é preciso lembrar que na virada do milênio, foram os millennials que ficaram marcados pela experiência com as novidades da internet. Assim, experimentar novas tecnologias antes das outras gerações está no “dna” dos millennials. Com as criptos não é diferente.

Algumas particularidades que são importantes para entender o caso brasileiro

O millennial é marcado por uma subjetividade formada numa transição de mundos analógicos para um digital. Assim, ele é definido dentro de um arquétipo que experimenta novidades tecnológicas sem desconfianças, desconfia de instituições tradicionais e não tem grandes dificuldades com elas. Mas nem tudo são flores.

Trata-se também de uma geração que não teve retorno financeiro mesmo tendo estudado mais que as anteriores. Os millennials também são mais afetados pelo desemprego e, ainda, marcados profundamente pela grande crise de 2008, viram uma disparada no custo de vida e ter coisas que pareciam naturais a seus pais e avós, como marcadores da chegada à vida adulta – como comprar imóveis, carros, prover festas de casamento ou formatura grandiosas etc. – não passam de sonhos distantes.

No Brasil, isso é mostrado com números de pesquisas recentes. Pessoas com 25 a 39 anos são as mais afetadas pelo desemprego, dentro 35,2% dessa faixa desocupada atualmente. Isso se reverte em um mal estar social, que reflete em pessimismo e insegurança em relação ao futuro. Com efeito, é fundamental pensar nestes aspectos quando buscamos respostas sobre o perfil dos millennials que procuram criptomoedas para investir.

Millennials e criptomoedas no Brasil

Quando nos perguntamos pelo perfil de investidor millennial no Brasil, temos de ter em vista que a tendência é encontrarmos alguém com total abertura às novidades tecnológicas, numa ponta, e que compartilha sentimentos de mal estar, insegurança e desalento com outros da mesma geração.

Nesse sentido, os millennials que buscam investir em criptomoedas no Brasil podem estar à procura tanto de soluções a curto prazo para obterem bens difíceis de adquirir, quanto algumas de longo prazo, buscando estabilidade financeira que dificilmente terão como trabalho tradicional.

A desconfiança com as instituições financeiras tradicionais é um campo a se levar em conta. Atualmente, millennials também têm optado, no Brasil, pelas fintechs ao invés dos bancos tradicionais, sempre que possível. Esse tipo de percepção também é uma possibilidade a ser explorada pelo mercado de criptos. Afinal, há um campo de desconfiança e demanda por estabilidade e perspectivas que investimentos nas criptos poderão proporcionar.

Conclusão

As particularidades dos millennials são pontos importantes a se levar em conta no mercado de criptos. Assim, será possível desenvolver produtos e soluções que atendam essa geração marcada por crises, perda de possibilidades de crescimento social e, ao mesmo tempo, de afinidade com a tecnologia e pouco medo de inovar. 

A isso, deve se somar as realidades das pessoas nessa faixa etária no Brasil. Com isso, será possível entender como essa geração percebe e investe nas criptomoedas.