.Por Rafael Martarello.

O racismo é fato histórico e social concreto que tem como espinha dorsal formas de violência dirigidas, em nosso país, contra afro-brasileiros. Sua causa e base de sustentação são econômicas, em geral percebemos os seus sintomas na atribuição anticientífica de determinadas características inferiores para uma dada etnia objetivando justificar a condição de sua exploração, também percebemos as consequências diretas: a violência policial e a marginalização social.

Ainda que o maior marco de violência contra a população negra tenha sido a escravidão e o maior inimigo atual da população negra seja o complexo policial-judicial-carcerário, há ainda outras manifestações do racismo que precisam ser nomeadas. Abaixo listo alguns neologismos que objetivam definir situações racistas rotineiras. Frisa-se o empréstimo de termos consagrados na luta contra o patriarcado. Não se objetiva aqui realizar um aprofundamento teórico da prática das potenciais contribuições de intelectuais no assunto ou interseccionar.

Whitepriating: Situação em que uma pessoa branca se apropria de uma ideia, feito ou produção de uma pessoa negra. Esse caso se manifesta desde quando Leonardo (homem branco e superior hierárquico) se apropria da ideia/solução criada por uma estagiária negra até o recente caso de plágio da Bauducco que o Emicida foi vítima.
Também se enquadra nessa categoria quando a branquitude busca transformar uma figura negra importante em uma pessoa branca. Os exemplos clássicos são o Machado de Assis ou as contribuições intelectuais Egípcias (Núbios, hamíticos, Nilotas) que se tornaram greco-romanas.

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Whiterrupting: A pessoa negra não consegue finalizar suas colocações, pois é interrompida ou cortada por uma pessoa branca. Exemplo, em uma aula de inglês uma pergunta é direcionada nominalmente para o Renata (mulher preta), mas Olga, mulher branca, faz uma intervenção para tentar responder.

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Whitesplaining: Quando o branco busca explicar de forma simplista algo para o negro como se ele fosse incapaz de compreender no momento que é dito e o que é dito em sua complexidade. Essa é uma forma de dotar o outro como uma forma de pessoa intelectualmente inferior.

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Gaswhiting: Por meio de manipulações, uma pessoa branca ou a branquitude leva a uma pessoa negra ou a negritude a pensar que por suas próprias características é incapaz, histérica, exagerada, louca. Exemplo, duvidar de casos de racismo, achar que o racismo é só uma impressão. Também se enquadra os casos de “negras raivosas”.

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Whitespreading: Se aproveita da sua branquitude para reproduzir atitudes que uma pessoa negra não poderia realizar. Um clássico exemplo, nos Estados Unidos, são os vários vídeos de youtubers chamando policiais de Porcos. Trazendo para o Brasil, basta colocar na barra de busca do YouTube, “mulher ofende policiais” o que se verá são mulheres brancas. Outra manifestação desta categoria é brancos aparecendo super descolados ao se vestirem de forma desarrumada, enquanto pessoas negras não podem fazer isso sem incorrer em um risco social.

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Whitesuspicious: Refere-se à ação deliberada de pessoas brancas de desconfiarem de pessoas negras. Exemplos deste tipo, são quando brancos seguem pessoas negras em lojas, por exemplo, o que passou o jogador Guilherme Quintino e a delegada Ana Paula Barroso na Zara.

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Nshaming: Uma espécie estigma social aplicado contra pessoas negras por não se portarem da maneira que a branquitude cunhou como convencional. Exemplo são os atos de ridicularização de penteados, passando pelo “tinha que ser preto” até os casos da “Negra Raivosa”. Por esse último exemplo, reforçamos a possibilidade de entrelaçamento de manifestações.

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White Bullying: São os atos de bullying de cunho étnico rotineiramente direcionados contra pessoas negras. A forma mais comum é a verbalização de comentários e apelidos, estes em geral focam somente na cor da pele, desconsiderando qualquer traço de similaridade, usando qualquer personagem da TV para um apelido novo. Outras manifestações se dão pela violência física, marginalização e disseminação de rumores e/ou atribuição de características negativas contra pessoas negras dentro de um grupo social.

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Afraite: O medo que pessoas brancas têm de pessoas negras. Se difere da manifestação do whitesuspicious porque na outra categoria a branquitude não tem medo. Esse caso pode ser exemplificado pelo caso da Amy Cooper ou quando pessoas brancas desviam de seu trajeto para evitar cruzar com pessoas negras.

Silent White: Ação deliberada da branquitude com objetivo de causar constrangimento e consequente diminuição da proposição. É comum acontecer quando há uma intervenção sobre racismo, mas também pode vir pelo não apoio a ideias e decisões de pessoas negras.

Master White: São pessoas brancas que buscam empregar pessoas negras em trabalhos sem prestígio social. Batem na casa de propriedade de pessoas negras e perguntam se fazem faxina ou obra, encontram alguma pessoa negra no ambiente universitário e pedem para servir um cafézinho. Recentemente vimos o caso da Luisa Sonza exigindo que uma mulher negra trouxesse um copo de água para ela, a moça era uma advogada e estava no mesmo local como cliente.

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White Dogs: São pessoas brancas de comportamento territorialista, que assim como cachorros buscam demarcar seu território e impedir a presença de estranhos utilizando-se de várias formas. Exemplo é o caso da advogada Valéria Santos que foi presa por exercer seu direito como advogada, do humorista Eddy Junior ou quando perseguem negros em bairros ao estilo KKK.

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