(imagem divulgação)

Após 40 anos de intensa guerra às drogas, o fracasso do proibicionismo é retumbante. Cada vez mais drogas são apreendidas, a violência é cada vez maior e o Estado brasileiro continua a cometer a mesma estratégia fracassada com um custo cada vez maior financeiro e de vidas.

A situação é tão imbecilizante que uma medida insana se apresenta como aparentemente de eficiência policial. Nossa, que maravilha, que eficiência. Vão prender 1.128!!!!

Veja essa loucura: a Polícia Civil apresentou ao governo federal os 1.128 pedidos de prisão! Isso mesmo, 1.128 pedidos de prisão de funcionários de traficante só da Maré! Sim, 1.128 funcionários de traficante só da Maré! Claro que desses 1.128 não tem nenhum traficante, no máximo um gerente do tráfico. O traficante mesmo, o dono, não mora na Maré. Talvez em um condomínio na Barra.

O pedido é resultado de investigações dos últimos anos. A Polícia do Rio de Janeiro não tem condições de prender todo mundo e quer montar uma estrutura conjunta com o governo federal para que esses mandados sejam cumpridos. O governador do Rio Marcelo Castro (PL) até se reunião com Ricardo Capelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública do governo federal.

A guerra às drogas parece produzir mais e mais “traficantes”, ou melhor, funcionários e trabalhadores do tráfico. Se existem “1.128 traficantes só na Maré” após 40 anos de guerra às drogas, não seria um motivo para parar tudo e refletir.

A guerra às drogas talvez seja o problema que mais afunda o Brasil, destrói famílias de inocentes, mata jovens e crianças inocentes, impede atendimento em hospital, impede que crianças vão às aulas, traumatiza famílias. Causa enorme prejuízo financeiro às pessoas mais pobres, nos locais em que se trava a chamada guerra às drogas porque as pessoas não conseguem trabalhar. Mais que isso, cria uma associação com setores da polícia, milicianos, e gera um problema cada dia pior.

Esses 1.128 mandados de prisão são a prova de que a chamada guerra às drogas produziu uma massa de narcolúmpen que tenta sobreviver e sobrevive no entorno de relações de punição e penalização do sistema policial e judiciário. São famílias que vivem e convivem dentro da miséria, da violência e do ir e vir de presídios.