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Um estudo sobre o cultivo do açaizeiro na Amazônia, feita em parceria por pesquisadores empresa pública, instituto público e universidades públicas do Brasil, mostrou que a presença de grandes áreas de vegetação nativa no entorno ou próxima aos plantios de açaí em terra firme pode aumentar em 433% a produtividade do açaizal quando comparada à lavoura com ausência de floresta.

Reportagem de Ana Laura Lima, da Embrapa Amazônia, diz que trabalho, publicado no Journal of Applied Ecology, teve como abordagem a polinização integrada de cultivos, e comprovou que a conservação da floresta é mais eficiente para aumentar a produtividade das áreas, o lucro do produtor e garantir a manutenção da biodiversidade, do que o manejo de abelhas nativas dentro dos cultivos.

Os pesquisadores avaliaram a introdução de colônias da abelha canudo, nativa da Amazônia, em nove áreas de plantio de açaizeiro, distribuídas em sete municípios do estado do Pará, e comparadas a outras nove áreas sem a introdução das colônias. O resultado mostra que houve um aumento de 433% (quase cinco vezes mais) na produtividade (toneladas por hectare de frutos) nas áreas com pelo menos 40% de floresta conservada em relação às áreas com 10% de cobertura florestal no raio de um quilômetro.

Segundo os pesquisadores, a polinização é um fator crucial para a produção de frutos do açaizeiro, uma vez que é uma palmeira de polinização cruzada (autoincompatível) e apresenta flores masculinas e femininas em tempos diferentes nas inflorescências. Ou seja, precisa de um agente que transporte o pólen das flores masculinas para as flores femininas de touceiras diferentes e, assim, possibilite a fecundação e a formação de frutos.

Além dos benefícios ambientais, diz o texto, a preservação de florestas reduz os custos para os produtores, com a compra e aluguel de colônias. O artigo “Forest conservation maximizes açaí palm pollination services and yield in the Brazilian Amazon” é assinado por um grupo de cientistas das empresas públicas Embrapa Amazônia Oriental, Embrapa Meio Ambiente, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Mato Grosso (IFMT) e das universidades públicas: Universidade de Brasília (UnB); Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Universidade Federal de Goiás (UFG).