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Peça ‘O Clube’, do Coletivo Binário, discute o ódio que tomou corpo com ascensão da extrema direita

(imagem nando motta – coletivo binário – div)

Em São Paulo – O Coletivo Binário criou o espetáculo “O Clube”, a partir do conto “O Candidato”, do nova-iorquino Henry Slesar (1927- 2002), para entender o ódio na sociedade brasileira contemporânea. A peça fala sobre um clube de ódio secreto e invisível. Na trama, Pedro descobre a existência dessa entidade que cresce rapidamente e impacta a vida de milhares de pessoas e precisa decidir se quer fazer parte dela. Em cena, com direção de Nando Motta, estão os atores Laércio Motta, Mariana Torres e Renato Hermeto.

“Embora tenha sido escrito na década de 60, quando nem existia internet, é impossível ler ‘O Candidato’ e não pensar nas redes sociais e em todo esse universo das notícias falsas”, conta o diretor do espetáculo, Nando Motta. Com o nascimento da internet e o largo uso da conectividade em rede, foram criadas várias ferramentas que facilitaram a propagação do ódio, como grupos de WhatsApp, canais de Youtube, Twitter, programas de fofoca na TV, a imprensa marrom, influenciadores e outras tantas – algo que nem o próprio Slesar poderia imaginar.

Essa escalada de ódio também pode ser comprovada por meio de boletins de ocorrência. Segundo as pesquisas do grupo em reportagens da Agência Brasil e do Observatório do 3º Setor, no país, só em 2022, 74 mil denúncias de crimes envolvendo discurso de ódio pela internet foram encaminhadas à Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos da Safernet, organização de defesa dos direitos humanos em ambiente virtual.

Os dados revelaram um aumento de 67% das denúncias no primeiro semestre de 2022 em relação ao mesmo período de 2021. As notificações mais expressivas foram as de intolerância religiosa (aumento superior a 650%) e as de xenofobia (aumento de 520%), seguidas por neonazismo, apologia a crimes contra a vida, LGBTfobia, misoginia e racismo.

Por meio do humor, o trabalho do Coletivo Binário reflete sobre a função agregadora do ódio, capaz de gerar um forte sentimento de pertencimento. “O ser humano vive em ‘pequenos clubes’ e tem muita dificuldade em aceitar quem pensa diferente. E, como queríamos expandir a nossa bolha, optamos por abordar essa temática de um jeito não maniqueísta e sem acusar ninguém. Todos odeiam da mesma maneira que amam”, comenta Motta.

Para chegar ao texto ideal, o grupo fez uma ampla pesquisa sobre o ódio, organizando encontros com especialistas nas áreas de ciências políticas, sociais, direito, psicologia, filosofia, história e publicidade/propaganda.

Nessa etapa, o núcleo conheceu o sociólogo Luiz Valério Trindade, autor do livro “Discurso de ódio nas redes sociais” (editora Jandaíra, 2022). Nas suas conversas, ele mencionou que os conteúdos odiosos postados nas redes sociais não se dissipam da noite para o dia. “Esse tipo de postagem têm a capacidade de continuar engajando usuários (novos e recorrentes) por até três anos após a publicação original (fenômeno este que eu chamo de Cauda Longa do Discurso de Ódio)”, afirma o especialista.

A peça faz uma temporada popular no Teatro Arthur Azevedo (Av. Paes de Barros, 955 – Alto da Mooca) entre os dias 21 de julho e 6 de agosto, com sessões às sextas e aos sábados, às 21h, e, aos domingos, às 19h. (Com informações de divulgação)

Sinopse

Em um dia comum, Pedro descobre a existência de um clube de ódio secreto e invisível, que cresce rapidamente e impacta a vida de milhares de pessoas. Ele então inicia uma jornada para decidir se quer ou não fazer parte dele. Uma alegoria satírica sobre as redes sociais, fake news e outros elementos do mundo contemporâneo que promovem o ódio.

Ficha Técnica

Direção: Nando Motta

Dramaturgo: Elder Torres

Dramaturgista e Assistente de direção: Lucas Vanatti

Atores: Laércio Motta, Mariana Torres e Renato Hermeto

Preparador corporal e coreógrafo: Der Gouvêa

Cenógrafa: Rafaela dos Santos

Figurinos: Alex Leandro

Trilha Sonora Original: Barulhista

Iluminador: Lucas Pradino

Vídeo mapping e vídeos projeções: Leonardo Souzza

Coordenador de produção: Nando Motta

Assessoria de Imprensa: Canal Aberto

Design e material comunicação impresso e digital: NM Design

Convidados bate papos: Diego Nery (Jornalista) e Breno Barlach (Sociólogo e Mestre em Ciência Política), Nathan Athila (Psicólogo e Psicanalista), Eduardo Aleixo (Advogado e Dramaturgo), Caio Mendes (Professor de História e Coordenador de Projetos), Mércia Flannery (Professora e Doutora em Linguística, Luiz Valério Trindade (Doutor em Sociologia) e Kaoanne Krawczak (Advogada, Doutoranda em Direitos Humanos e Pesquisadora).

Idealização e coordenação geral: Nando Motta

Apoio: Funarte SP, Teatro Arthur Azevedo e Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo

Realização: Coletivo Binário

SERVIÇO

O Clube

Teatro Arthur Azevedo

Endereço: Av. Paes de Barros, 955 – Alto da Mooca, São Paulo, SP

Data: 21 de julho a 6 de agosto de 2023

Horário: sextas e sábados, às 21h, e, aos domingos, às 19h

Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada) | Venda direto na bilheteria ou pelo site www.coletivobinario.com.br

Capacidade: 349lugares
Duração: 70 minutos | Classificação: 14 anos

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