O ministro da Justiça, Flávio Dino, deve ficar atento à concentração de mercado na distribuição de botijão de gás de cozinha que está na mão de poucas empresas. A situação é absurda. O botijão de gás de cozinha custa R$ 32,96 na refinaria e é vendido ao consumidor por R$ 99. Um ágio de 200%.
Isso não tem explicação, o gás de cozinha, Gás Liquefeito de Petróleo ou GLP, tem esse nome porque é resultado de um processo de liquefação que ocorre em uma refinaria de petróleo, de onde são extraídos dois hidrocarbonetos (moléculas de carbono e hidrogênio) leves, em uma mistura específica.
Fazendo as contas: a Petrobrás, por exemplo, explora o combustível na natureza, transporta para a refinaria, e na refinaria ele é produzido. Todo esse processo de exploração, transporte e refino custa R$ 32,96. Todo esse processo exige engenharia e tem enormes riscos de acidente. Já pegar esse botijão pronto e levar para uma revenda tem um custo de R$ 66,00, duas vezes o custo de toda a produção. Só pode ser uma “estrada de outro” entre a refinaria e o consumidor chamada concentração de mercado.
Segundo o Observatório Social do Petróleo OSP), a margem de distribuição e revenda do gás de cozinha (GLP) no Brasil subiu 69% nos últimos dois anos, apesar da redução de 26% no preço do botijão vendido pelas refinarias do país.
O levantamento do Observatório Social do Petróleo foi feito com base na margem de distribuição e revenda de gás de cozinha publicada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) e a Petrobrás, que incluem custos de transporte, logística e a margem de lucro dos estabelecimentos comerciais. A análise é feita a partir de junho de 2021, quando a margem das distribuidoras e revendedoras começa a subir de forma vertiginosa e o preço do gás de cozinha entra em declínio.
“A margem cresceu durante todo o segundo semestre de 2021, acompanhando o preço do produtor que já vinha em uma forte escalada. O pico foi em março de 2022, quando o valor do botijão chegou a R$ 57,97. Em abril, o preço começou a cair e teve uma redução mais brusca no segundo semestre do ano passado. No entanto, a margem da distribuição e revenda mantém a trajetória de alta”, explica o economista Eric Gil Dantas, do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps).
Segundo ele, o aumento da margem de distribuição e revenda é o principal fator para a manutenção de preços elevados do GLP neste ano. “Não consigo enxergar uma justificativa para a margem atual das distribuidoras e revendedoras de GLP. A inflação acumulada do período, por exemplo, é de 16%. Por que aumentar a margem em 69%?”, questiona.
Outro fator agravante, aponta Dantas, é a concentração do mercado. Em 2020, antes da privatização da Liquigás para uma das suas concorrentes, a Copagaz (hoje Copa Energia), as quatro maiores empresas de distribuição detinham 73% do total do mercado de GLP de 13kg no país. Neste ano, as quatro maiores detiveram 81% do mercado, sendo todas elas privadas. “Isso aumenta o poder das empresas de determinar os preços”, afirma. É preciso acabar com entraves, taxar a concentração, desregulamentar e facilitar a entrada da concorrência na distribuição.
De acordo com o economista, o preço do botijão de gás nas refinarias da Petrobrás baixou 21,3% neste ano, mas essa queda não chegou ao consumidor final. “O problema é que a redução aplicada pela Petrobrás não é repassada na mesma proporção pelas distribuidoras e revendedoras. Por conta disso, temos a diminuição crescente do consumo de gás e o aumento do uso de lenha nas residências, consequência da perda do poder de compra da população brasileira”, conclui. (Com informações de divulgação)
Não há controle de nada no paraíso do mercado. Empresários pintam e bordam com a absoluta falta de fiscalização e pior, punição. Some-se a isso a letargia, resignação bovina do consumidor brasileiro. Não é à toa que as hostes bolsonáricas são tratadas como gado.