A pesquisadora do Núcleo de Estudos de Gênero (Pagu) da Unicamp e professora dos Programas de Pós-Graduação em Antropologia e em Ciências Sociais da Unicamp, Regina Facchini, diz que um dos motivos para o aumento da violência contra a mulher em 2022 está relacionado com a ascensão de grupos ultraconservadores como “escola sem partido” na política e na sociedade brasileira.
Ela lembra, em reportagem da Unicamp de Liana Coll, que esses movimentos combateram às discussões sobre gênero e contribuíram para o agravamento do cenário, bem como para intensificar o ataque aos movimentos feministas.
Os dados sobre o aumento da violência contra a mulher em 2022 foram divulgados na quarta edição do levantamento Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil. A pesquisa foi feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
As mulheres que foram vítimas de violência relataram ter sofrido em média quatro agressões ao longo do ano, mas entre as divorciadas a média foi de nove vezes.
Em comparação com os relatórios anteriores, todas as formas de violência contra a mulher cresceram de forma acentuada no ano passado. Segundo a pesquisa, 28,9% das brasileiras sofreram algum tipo de violência de gênero, a maior quantidade da série histórica. Em relação aos feminicídios, houve também recorde em 2022, com uma mulher morta a cada seis horas. É uma pandemia fomentada por movimentos que impedem a educação de gênero nas escolas.
Segundo a pesquisadora da Unicamp, a chamada ‘ideologia de gênero’ serviu para mobilizar pânicos morais em torno dessa questão. E acabou prejudicando a produção de políticas públicas protetivas. “A escola é um elemento estratégico e fundamental na identificação, na denúncia e na prevenção. Todo o debate sobre ‘ideologia de gênero’ enfraqueceu muito esse papel,” diz a pesquisadora à reportagem, mostrando como esses movimentos conservadores trabalharam a favor do feminicídio ao impedir o combate e a educação da população nas escolas e na implantação de políticas públicas.
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